Os
Vários Tipos de Linguagem Utilizados nos Jornais
A
NOTÍCIA - A
REPORTAGEM - A ENTREVISTA
- A CRÓNICA
Eça Jornalista
por
Lina Almeida
Penso que a passagem de Eça
de Queirós pelo jornal O Distrito de Évora terá sido determinante
no que toca à sua carreira política e também literária.
Terá sido uma tomada de consciência até aí não
tão activa e viva no autor. Foi talvez o que despoletou a sua implicação
na vida política, onde se mostrou incomodado com a mediocridade dos que
se instalam no poder, e foi sem dúvida o que revelou na sua obra literária,
onde a sua arma se transforma em pena, mas nem por isso é menos poderosa...
Na primeira fase da sua carreira literária, Eça de Queirós
foi sobretudo influenciado pelos escritores românticos, como Flaubert,
Beaudelaire e Victor Hugo.
Foi sobretudo a partir da sua viagem ao Egipto que Eça voltou transformado.
Começa a desenhar-se a sua fase realista que, mantendo a componente que
já víramos na sua fase romântica, a ironia, vai agora preocupar-se
mais com a perfeição da forma.
É o cargo como administrador na Câmara de Leiria que o leva a escrever
uma das suas obras mais controversas: O Crime do Padre Amaro, um romance de
costumes e crítica anti-clerical, que é a primeira obra realista
de Eça e que dá início, assim, à sua segunda fase
literária. Podemos ver claramente a influência de Zola, que escreveu
algo semelhante.
As suas múltiplas viagens vão ser o pano de fundo para a sua veia
literária e é sobretudo no estrangeiro que vai escrever os seus
romances, em que privilegia a crítica social- o romance de espaço-
em que a minúcia da descrição, a riqueza do adjectivo e
a ironia abundam e nos deleitam.
Eça descobre, para sua grande surpresa, que todos os poderes da sociedade
portuguesa, que tanto o incomodavam e sobre os quais fez correr a pena incessantemente,
eram, na realidade, os mesmos que ele encontrava também no estrangeiro,
por todos os outros lados por onde passava. E assim, com o correr dos anos,
a experiência de vida e a idade (...) o saudosismo e a nostalgia sugerida
pela ausência e pela distância da sua Pátria levaram-no a
uma outra atitude, que na sua obra se caracterizou por uma certa mudança,
e que iria levá-lo à sua terceira fase- a nacionalista. Aqui,
ele vai continuar a focar os problemas sociais existentes em Portugal, mas já
filtrados pela luz da sua nova visão política. É de certa
forma patriota, mais temperado, quando escreve nesta fase da sua carreira, obras
como A Cidade e as Serras e A Capital.
Notas:
O Crime do Padre Amaro foi escrito em 1876 aquando da sua estadia em Newcastle.
O livro escrito quando era adminis-trador da Camâra de Leiria foi o Mistério
da Estrada de Sintra, na sua fase pseudo-romântica.
A segunda fase - a realista - começa em 1871 com a publicação
de As Farpas. Segue-se, em 1874 quando já vivia em Newcastle, a publicação
no Diário de Notícias, de Singularidades de uma rapariga loura.