Luís Aguilar
Professor Convidado, Université de Montréal
e Docente do Instituto Camões
Nos últimos
cinco anos, temos vindo a desenvolver um trabalho de ensino
e investigação do Português, Língua
Estrangeira, no quadro das nossas actividades de professor
de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas
da Universidade de Montreal, estudo que nos conduziu à
definição de bases para a construção
de um método não convencional, de alto nível
expressivo e comunicativo, para o ensino/aprendizagem da
Língua Portuguesa, destinado a estrangeiros, em que,
a par de uma engenharia pedagógica e de uma tecnologia
do desenvolvimento pessoal, se produz material de formação
numérico e recursos pedagógicos interactivos
na Rede. Ao conjunto ordenado dos fundamentos desse método
chamamos Método
de Comunic-Acção para o Ensino do Português,
Língua Estrangeira, destinado aos estudantes
estrangeiros de nível avançado da Língua
Portuguesa, no âmbito do programa académico
da Universidade de Montreal: Mineure en langue portugaise
et cultures lusophones.
O Método de Comunic-Acção para o Ensino
do Português, Língua Estrangeira inspira-se,
essencialmente, nas doze abordagens seguintes: Dinâmica
de Grupos, Modelo de Aprendizagem Centrado na Experiência,
Sugestopedia, Programação Neurolinguística,
Leitura Mecânica em Voz Alta e Dicção,
Aprendizagem Comunitária de Línguas, Jogo
de Papéis no quadro das Actividades Dramáticas,
Abordagens Expressivo-comunicativas e Artístico-culturais,
Gestaltpedagogia, Autonomia e Ensino a distância,
Aprendizagem pela Reacção Física Total
e Psicodramaturgia Linguística.
Todas estas abordagens possuem um denominador comum: a ênfase
colocada na comunicação. Mesmo que na análise
que fizemos de todas essas abordagens nos tenhamos deparado,
frequentemente, com contradições, verificadas
de modelo para modelo, de abordagem para abordagem, de técnica
para técnica, de actividade para actividade, tentámos
compreender os potenciais pedagógicos que cada um
deles encerra.
O Jogo de Papéis: um Meio para a Aprendizagem de
uma Língua Estrangeira.
Um dos traços
mais inovadores do ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras é o uso sistemático e adequado
do Jogo de Papéis, que tem características
específicas que o distinguem de qualquer outra abordagem
comunicativa, especificidade que pomos em evidência
nesta comunicação.
Uma vez que não podemos ter à mão o
país cuja língua os estudantes aprendem, criamos
uma estrutura espacio-temporal que lhes permita comunicar,
através de personagens imaginárias, preparando-os
assim para o contacto com os outros, através da língua-alvo
de aprendizagem. Este aspecto colectivo e imagético
do Jogo de Papéis, promove e acelera todas as aquisições
linguísticas e comunicativas mediadas pelo universo
social.
O Jogo de Papéis é uma forma de expressão
e comunicação em que o indivíduo mostra
em actos, na fogueira da acção e na primeira
pessoa, o que é, pensa, imagina, faz, etc. Tudo se
passa aqui e agora independentemente do grau de preparação
que possa ter antecedido a simulação. Alarga-se,
assim, a abordagem pedagógica proposta por Dewey,
relativamente ao aprender fazendo. Aprender fazendo, sim,
mas numa dimensão de Ser. Na expressão de
cada pessoa, o Eu Faço, pressupõe o Eu Sou,
não fazendo pois sentido, a expressão de um
Saber-Fazer, sem a expressão de um Saber-Ser. A organização
do ensino de uma língua estrangeira deve, pois, garantir
esse espaço-tempo de expressão do SER, do
FAZER e do CRIAR, e pode encontrar no Jogo de Papéis
o recurso adequado.
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