A Santa Sé alinhava com os grandes países. Julgava que era melhor que Timor estivesse integrado na Indonésia." O que não o impediu de avançar com outra iniciativa de impacto. "Eu pedi aos bispos que escrevessem uma carta à ONU. Alertei-os para reagirem tendo em conta que havia um povo que estava a ser amesquinhado." O número de missivas enviadas ultrapassou a centena.
E por isso aconteceu o que aconteceu: "O gabinete do cardeal Agostino Casaroli, que era secretário de Estado do Vaticano, enviou-me uma carta. Eu fui advertido que estava a cantar fora do coro." Na altura ficou magoado com a hierarquia. Afinal, não fazia mais nada a não ser "proclamar a doutrina" que lhe haviam ensinado. "A Igreja não devia funcionar na lógica das conveniências, não é?" Não havia alternativa para Dom Manuel Martins. "Sentia-me na obrigação de o fazer na qualidade de português, cristão e bispo." Era o que respondia sempre que o confrontavam com os embaraços que criavam as suas tomadas de posição.


Dom Manuel Martins

 

Três pontos fundamentais: a prioridade estratégica concedida à projecção internacional da língua portuguesa no mundo; a aposta na lusofonia e uma terceira vertente, da maior importância, posta na projecção externa da cultura portuguesa nos mais diversos níveis. E, finalmente, um investimento cada vez mais intenso na área da Internet, na rádio e na televisão, criando programas de ensino de Português para estrangeiros ou para falantes não nativos de Português.

Jorge Couto

 

Triste país este que não consegue amar, proteger e cativar os seus melhores. Que, na falta dessas compensações, acabam por partir. Querem dois exemplos? O Nobel da literatura vive em Lanzarote, na Espanha. O estudioso da inteligência emocional, Prof. António Damásio, vive nos Estados Unidos. E não consta que algum deles tencione voltar à pátria. Nada disto é mera coincidência. As pessoas saem porque não são estimuladas a ficar. E os poucos que aqui decidem permanecer, pagam bem caro a sua opção. Tal a inveja que suscitam. Tal a crítica de que são alvo.

Helena Sacadura Cabral

Não se é Jornalista sete ou oito horas por dia, a uns tantos contos por mês. É-se Jornalista 24 horas por dia, mesmo estando desempregado

Orlando Castro

 

Há uns meses uma brasileira perguntou-me porque é que eu não estava já em Timor, a ajudar os timorenses. Eu respondi-lhe que ia pensar nisso mas que antes ia passar por Brasília, para dar a minha opinião ao Fernando Henrique Cardoso sobre como governar o seu país... Então eu, que lutei toda a minha vida contra o colonialismo, por que é que hei-de imaginar que tenho um papel a desempenhar num outro país independente que é Timor?


Barbedo de Magalhães

Tenho grandes expectativas sobre o futuro de Timor-Leste e da sua nação. Aprendi, nos anos difíceis da luta e nas crises mais dramáticas, a ter confiança nos seus dirigentes e na força crescente da sua coesão nacional. Não desconheço as dificuldades, nem no trabalho da reconciliação, nem na defesa dos valores da democracia e do direito, nem na garantia da segurança interna e externa, nem no esforço de reconstrução da economia e da sociedade. Espero de Portugal e da comunidade internacional o empenho continuado em fortalecer a independência do novo Estado, e desejo, vivamente, na pessoa dos seus primeiros responsáveis, o Presidente da República, Xanana Gusmão, e o chefe do Governo, Mari Alkatiri, os maiores sucessos a Timor-Leste e aos Timorenses. O poeta português de Timor, Ruy Cinatti, disse : "Timor deu a volta ao mundo. Hasteei nele a bandeira". Esse verso profético, cujo sentido último se continua a revelar, resume o nosso orgulho de ser Portugueses, no dia em que a nova bandeira da independência de Timor é, finalmente, hasteada.


Jorge Sampaio
Presidente da República