MARTINS DA CRUZ

JANTOU NO FERREIRA CAFÉ TRATTORIA COM NOTÁVEIS DE MONTREAL, DEPOIS DA MISSA


Por
Vitália Rodrigues



O ministro português dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas, Martins da Cruz, esteve no passado dia 12 de Maio de 2003 em Montreal. Sabemos que jantou com algumas personalidades da Comunidade Portuguesa de Montreal no Ferreira Café Trattoria, depois da missa. Reza a história da sua visita a referência à importância da emigração portuguesa no mundo, da qual Portugal se orgulha. Não houve notícia do programa desta visita, o que já é um (mau) hábito local. Ao que julgamos saber aquele membro de governo esteve já em Halifax, onde participou na inauguração de uma exposição sobre a história dos portugueses no Canadá. Uma das linhas fortes do seu discurso consiste no apelo a uma maior participação da comunidade portuguesa na vida política do Canadá, responsabilizando-a pela inexistência de um acordo Portugal-Canadá e a consequente falta de apoio do governo português ao ensino da língua portuguesa neste país da América do Norte. O discurso do Ministro Português dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas.

Confere à àquisição da dupla nacionalidade por parte dos portugueses uma grande importância, mas esquece que muitos portugueses não podem ser portugueses, devido a um imbróglio legal que ninguém parece querer resolver. Martins da Cruz parece desconhecer vertentes importantes da participação dos portugueses na construção deste grande país que é o Canadá.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas, Martins da Cruz, esteve no Canadá cinco dias, onde participou nas comemorações dos 50 anos da emigração portuguesa. Indiferente ao surto de pneumonia atípica que afecta Toronto, em particular e o Canadá, em geral, Martins da Cruz manteve a programada visita, agendada há bastante tempo, para, disse o seu porta-voz, Fernando Lima à Lusa estar com a comunidade portuguesa e com os diplomatas nacionais neste período difícil .

Dadas as circunstâncias Martins da Cruz, foi acompanhado por uma reduzida comitiva de funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros, uma vez que os desobrigou por causa dos riscos relacionados com a pneumonia atípica para quem visita o país, onde se registaram 149 casos dos quais 23 pessoas morreram. Os cerca de 550 mil portugueses e luso-descendentes residentes no Canadá celebram o 50º aniversário da chegada, a 13 de Maio de 1953, do primeiro grupo de imigrantes portugueses, oficialmente reconhecidos como tal, pelo Governo canadiano, a Halifax, a bordo do Saturnia. António Martins da Cruz viaja a convite do seu homólogo canadiano, Bill Graham.

Estupefactos ficamos com a ausência quase total de informação para uma visita tão significativa. À entrada para o restaurante, um dos convidados falava da tendência portuguesa para a diplomacia, simultaneamente, de croquete e de avestruz e que, portanto, não distinguia esta das outras visitas de governantes portugueses ao Canadá. Em chocante contraste com os simples representantes de governos de outros países. Recusamo-nos acreditar que esta visita de representantes do governo português não tivesse visado a moralização das instituições e associações lusófonas locais, o encorajamento de projectos, o apoio a iniciativas, o estudo de dossiês importantes como o da TAP, o da dupla nacionalidade, o do Ensino do Português e o da defesa, difusão, promoção da língua e cultura portuguesas, o estabelecimento de protocolos entre os dois países, etc. Vamos agora estar atentos aos ecos desta visita e, aqui, neste mesmo espaço, eco faremos deles.