A marcha de protesto dos estudantes universitários do
dia 22 de março atingiu o ponto culminante do movimento
estudantil. Nessa quinta-feira célebre, a cidade de Montreal
foi palco da maior manifestação que a história
do Quebeque regista: cerca de 200 000 manifestantes percorreram
várias artérias do centro da cidade.
Os manifestantes maioritariamente estudantes, erguiam cartazes,
onde se podiam ler vários slogans, uns mais
originais do que outros, ao ritmo dos tambores, trombetas barulhentas,
gritos reivindicativos e, sobretudo, tagarelices para todos
os ouvidos. O percurso dessa manifestação descomunal
começou na Place du Canada e o percurso incluía
uma parte importante das ruas Sainte-Catherine, Peel, Sherbrooke,
St-Denis e Berri, paralisando a circulação automóvel
e bloqueando o acesso às lojas e casas comerciais que
se encontravam no itinerário. Tantas eram as pessoas
que ocuparam a totalidade dos passeios. E assim continuou durante
a totalidade da marcha contestatária, totalizando esta
quase quatro horas, até que a mesma terminou no Velho
Porto de Montreal. Quando toda a gente chegou perto do Velho
Porto alguns discursos foram proferidos pelos líderes
da “CLASSE” e da “FEUQ”, as duas principais
associações de estudantes que levaram a cabo este
grande evento histórico.
A CLASSE e a FEUQ são
as duas associações representativas dos estudantes
e responsáveis pela sua mobilização desde
o início da greve que, lembre-se, foram 250 000 estudantes
a entrar em greve geral em meados de fevereiro de 2012 com o
objetivo de protestar contra o decreto do governo que estipula
o aumento das propinas do ensino superior. Adotada no quadro
do orçamento para 2011, essa decisão contestada
pelos estudantes universitários implica o aumento das
propinas de 1625$, num prazo de cinco anos, o que é o
equivalente a 75% do que os estudantes pagam agora. Devendo
ainda acrescentar-se 325$ por ano até 2018.
Essa resolução
governamental foi, naturalmente, considerada como uma declaração
de guerra pelos estudantes que, de imediato, multiplicaram as
manifestações e atividades de agitação
social, a fim de que o governo compreenda o seu descontentamento.
As reivindicações têm características
distintas: enquanto a FEUQ reivindica o congelamento do preço
das propinas, a CLASSE adota uma posição mais
radical, em que se reclama nada menos do que a gratuidade escolar
para todos os estudantes. O governo já deu a entender
por várias vezes que não recuaria diante da pressão
estudantil, mantendo que essas medidas são necessárias,
tendo em conta que o congelamento das propinas que se manteve
por muitos anos, o que se torna insustentável mantê-lo
para além de 2012. Até agora, nenhum dos dois
partidos parecem querer ceder e muito menos comprometer-se.
Uma coisa é certa: se este conflito não se resolver,
impactos bem mais duros poderão ocorrer, tanto do ponto
de vista económico como do ponto de vista educacional.
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