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Língua
Portuguesa- Ponto de vista de um historiador
Por
Fernando André
Historiador
A língua
portuguesa nasceu da evolução social e histórica
da Europa, com origens remotas nos Celtas e Iberos, sendo os Lusitanos
os primeiros povos a quem as origens se atribuem, recebendo por
isso mesmo a designação de Língua Lusitana.
A partir do século III a.c., os Romanos impregnaram a linguagem
com vocabulário novo e rico, substituindo, quase por completo,
o idioma existente. A região da Península Ibérica
seria, em seguida, dominada pelos Suevos e Visigodos do século
V ao VIII e mais tarde pelos muçulmanos, que dominaram
e enriqueceram o vocabulário durante sete séculos.
Toda esta transformação daria origem ao Galaico-Português
na parte Oeste da Península Ibérica, nos séculos
XI e XII.
A criação do reino em 1143 e a divisão política
ajudaram a criar uma identidade linguística específica,
que foi levada mundo fora a partir do século XV, por marinheiros
e missionários. A língua portuguesa proliferou através
de colónias e pontos comerciais, sobretudo na Índia,
no Ceilão e em várias ilhas, assim como noutros
pontos da Ásia e da África.
Entre 1500 e 1580, O Brasil lutava sobretudo contra a interferência
dos Franceses e Holandeses. De 1580 a 1640, foi quase por milagre
que a Espanha não impôs o Castelhano como língua
única da América do Sul. Entretanto o Português
foi penetrando neste imenso território, a par da redução
drástica da população indígena. Em
1758 o Marquês de Pombal impôs por lei, o uso obrigatório
do Português, contribuindo à unificação
social e política, lançando assim as bases vitais
para a defesa da língua.
As Invasões Francesas do princípio do século
XIX, vieram transformar o quadro político e geográfico
mundial, sobretudo na América do Sul. O novo país
que nasceu em 1822, o Brasil, já tinha idioma próprio
e era um país consolidado pela língua.
Entretanto, desde o século XIX que a presença europeia
se fazia sentir cada vez mais em África. Os Portugueses
também conseguiram talhar alguns bocados deste continente
sem dono, lançando raízes em Angola, Moçambique,
Guiné e várias ilhas, onde a língua portuguesa
se difundiu pelas populações locais, colocando-se
Portugal na posição de país colonizador.
Por vezes, certos inconvenientes de ordem política, transformam-se
em factores de crescimento linguístico. Foi o que aconteceu
durante a ditadura de 1933 a 1974, que provocou uma fuga massiva
do país, dando origem à constituição
de inúmeras comunidades portuguesas em todo o mundo. Estas
comunidades mantêm a ligação com a pátria
e contribuem para a divulgação da língua
portuguesa.
Em 1974, com a Revolução de Abril, abriram-se as
portas da descolonização, nascendo novos países,
onde a língua portuguesa é um traço de unificação.
O peso económico e social que exerce actualmente o Brasil
e que exercerão a médio termo alguns dos novos países,
será um elemento incontornável no que diz respeito
à defesa e à tendência do português,
para as gerações vindouras.
No momento presente, a alma lusitana de mãos dadas com
o espírito da língua está a lançar
as raízes de um projecto novo, onde países irmãos
pelo passado histórico e cultural, tentam manter-se unidos
agora por este sopro de vida que é a Lusofonia.
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