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Promovido pela Comissão
para as Comemorações, em Montreal, do Cinquentenário
da Chegada dos Primeiros Imigrantes Portugueses ao Canadá,
realizou- se no restaurante português Estrela
do Oceano, um encontro de alguns representantes da nossa
comunidade com a Ministra do Património Canadiano, Sheila
Copps, forte candidata à liderança do Partido
Liberal do Canadá. Foi um cinco às sete
agradável, simpático e dialogante, que reuniu,
a pretexto do encontro com aquela prestigiada figura governamental,
portugueses que muito têm a dizer e partilhar. Estão
pois de parabéns a comissão referida, que proporcionou
este encontro, o simpático e competente pessoal liderado
por Henrique Laranjo que o acolheu e Maria Andrade que o animou.
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Sheila
Copps mostrou um carinho especial pelas comunidades portuguesas
no Canadá e isso deverá ser motivo de regozijo de
várias gerações de portugueses que desde
13 de Maio de 1953 têm chegado ao Canadá e aqui criaram
novos tipos de humanidade e novas originalidades de temperamento
como havia predito Eça de Queirós em 1874. Com efeito,
os portugueses, um pouco por toda a parte, e aqui no Canadá,
mais particularmente, tornaram-se, pelos seus movimentos grandiosos
e fecundos, uma força civilizadora na humanidade. Há
cento e trinta anos Eça o disse, há precisamente
cinquenta anos os emigrantes portugueses no Canadá realizaram-no.
E Sheilla Copps pode muito bem ser o interlocutor a quem aquele
nosso grande romancista se dirigiu há precisamente 130
anos: as admiráveis instituições canadianas,
sem igual no mundo destinaram-se a dirigir, auxiliar, prover o
emigrante nos momentos mais difíceis da emigração
- os primeiros dias de estabelecimento... Há 130 anos
o diplomata Eça de Queirós, quando, da sua passagem
pela América do Norte, admirava-se já da forma como
essa instituição, tão essencialmente penetrada
do génio organizador, minucioso, humanitário e prático,
acolhia os emigrantes. |
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Sheila Copps começou
a aprender Português em tempos e lamenta não ter prosseguido
os seus estudos na língua de Camões e Pessoa. No entanto,
mantém uma pronúncia correcta, que evidenciou na meia
dúzia de palavras da nossa língua que ainda recorda.
Quando a questionamos sobre a necessidade reclamada por Portugal,
de ver a terceira língua internacional mais falada no mundo,
reconhecida como língua de ensino no Canadá, Sheila
Copps respondeu-nos que era um dossiê que há muito estava
a ser acarinhado pelo governo a que pertence.
No entanto, por agora- e é o que mobiliza a comunidade portuguesa
montrealense- fica-nos o empenhamento significativo que a ministra
do património deposita (nos dois sentidos do termo), nas Comemorações
do Quinquagésimo Aniversário da Chegada , a 13 de Maio
de 1953, da primeira vaga de imigrantes portugueses, a bordo do
Saturnia. Desses, alguns vieram para Montreal, aqui deixaram raízes,
memórias, caminhos de ferro, pontes para o futuro. A contribuição
dos portugueses na construção deste enorme país
da América do Norte vai, seguramente, animar o debate comunitário
que se deseja prospectivo, mais do que introspectivo e retroactivo.
Do Portugal dos Pequeninos, do orgulhosamente sós dos tempos
dos Velhos do Restelo e da Raposa Manhosa, de há cinquenta
anos, até ao Portugal Europeu Contemporâneo, aberto ao
mundo, de hoje, muitas caravelas têm partido e chegado; umas
desbravaram oceanos de cravos vermelhos, outras galgaram sonhos, muitas
navegaram pelo projecto utópico do V Império, algumas
passaram o cabo das tormentas enquanto outras se quedaram à
entrada do cabo da boa esperança. Dessa diferença se
faz o futuro, dessa diferença têm os políticos
canadianos de estar conscientes. Essa diferença deve carimbar
as comemorações que, oficialmente, começam já
no Sábado com um jantar de Gala que vai juntar cerca de 300
portugueses. Que o Dr. José Cesário, Secretário
de Estado das Comunidades Portuguesas, possa, neste evento, tomar
o pulso, às imensas potencialidades da comunidade portuguesa
de Montreal.
Desafios
importantes esperam Sheila Copps. Na sua caravela viajam muitos
portugueses que querem percorrer, com ela, o difícil caminho
alternativo para a liderança do Partido Liberal e do futuro
Governo Canadiano. Se o vento estiver de feição...
O requinte a que já
nos habituou o pessoal do Estrela do Oceano: um regalo para os olhos
e um desejo manifesto de embarcar nesta caravela.
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