Portugal apresentou-se no seu melhor pela mão de Carlos Ferreira,
quer dizer, pelos copos, que acolheu na sala recentemente inaugurada
e à falta de melhor nome Sala Vasco da Gama, situada no por cima
do seu prestigiado restaurante em Montreal, o Ferreira Trattoria Café
da rua Peel.
Portugal país à la mode, depois da Expo 98, da atribuição
do Nobel da Literatura a José Saramago em 1998, a organização
do Europeu de Futebol de 2004 e a actual boa perspectiva de ganhar o
Mundial do Oriente, atrai bastantes curiosos. Na brochura distribuída
à entrada da sessão de prova de vinhos realizada no dia
27 de Maio podemos ler o seguinte: Se fosse possível dizer que
um país se reinventou no último quartel do século
XX, esse país seria Portugal. Desta vez foram os vinhos a merecer
lugar de destaque. Não porque Portugal não tivesse tido
sempre bons vinhos, mas porque Portugal é uma palavra que se
repete constantemente pelo mundo fora e também porque, como dizia
um enólogo presente, estes canadianos começaram a aprender
a beber. Portugal, nessa aprendizagem enviava-lhe aquela espécie
de palheto Mateus Rosé. Chegado à maturidade Portugal
não pode, na opinião de Carlos Ferreira, fazer o marketing
dos seus vinhos na base do muito, cheio e baratinho. Há que apostar
na qualidade e essa como todos sabem, paga-se. Que valha a pena e valem
a pena os bons vinhos portugueses.
Vários convites foram enviados a diversas casas de produtores
de vinhos portugueses, mas devido à estação alta
deste tipo de eventos compareceram apenas quatro das grandes marcas
de produtores de vinhos portugueses. Apenas quatro, mas que quatro!:
a Quinta de Cabriz da região do Dão que ganhou o prémio
da melhor empresa do ano e que tem uma excelente cotação
na conceituada revista internacional Wine Spectator; a Quinta de Pancas
da região de Alenquer que já deu todas as provas da sua
qualidade a nível nacional e internacional e que conta entre
os vários prémios ganhos com o de melhor produtor do ano
de 2001 da Revista Vinhos, 2002; a Herdade do Esporão que representa,
por si só, o símbolo do renascimento e da qualidade dos
vinhos do Alentejo; e, finalmente, a Quinta do Crasto, da região
do Douro que apresentou outros vinhos, além dos sobejamente conhecidos
Vinhos do Porto.
Porque a alma dos portugueses não é pequena, Carlos Ferreira
criou uma empresa com três outros ousados lusitanos, com sede
em Toronto: FWP (Food Wine Portugal) que visa a promoção
e defesa dos produtos gastronómicos e vitícolas portugueses
de qualidade. No Quebeque, esta empresa é representada pela Agência
Enotria Internacionale.
A Sala Vasco da Gama ou antes Sala Carlos Ferreira ou antes Sala Sem
Nome, criada para o prazer e pela paixão, foi decorada com o
mesmo bom gosto lusitano tanto pela escolha das cores - amarelo e azul
- como pelos azulejos, sempre presentes, do já conhecido Yves
Montpetit que havia já decorado o restaurante, tendo, por isso
ganho um prémio. As paredes exibem quadros de Nus sensuais da
pintora Pépin que dão um toque final de grande elegância
e de intimidade. Podemos admirar, ainda, muitas das grandes marcas de
vinhos portugueses, através do vidro da câmara de conservação
de vinhos. A cave de alta qualidade do Ferreira Tratorria Café
eleva-se a um valor que ronda o milhão de dólares canadianos.