Fête galante dans un parc

Quillard descoberto em Aveiro
por Luís de Moura Sobral
por
Marta Gomes Sabrina Domingues e Wafa Atif

 


Luís de Moura Sobral, professor do Departamento de Historia de Arte e Estudos Cinematográficos da Faculdade das Artes e Ciências da Universidade de Montreal, descobriu na Sé de Aveiro, cidade do Norte de Portugal, doze telas criadas no século XVIII pelo pintor francês Pierre-Antoine Quillard (1701-1733).

A descoberta das telas, no fim dos anos 90, foi mera coincidência. Fascinado pela qualidade das obras e pelo estilo, que não parecia corresponder à arte portuguesa do século XVIII, o Professor Moura Sobral interrogou-se sobre tal desfasamento e empreendeu uma pesquisa exaustiva revendo a literatura especializada no domínio da Historia de Arte, tendo, inicialmente descoberto a existência das telas. Intrigado pela pouca informação que encontrou nos registos pesquisados, decidiu continuar a sua investigação por outros caminhos. Luís de Moura Sobral virou-se então para os arquivos da família dos duques de Aveiro, onde se encontravam já nas suas colecções, um certo numero de telas de Pierre-Antoine Quillard. Com efeito, após a sua ida a Portugal, em 1726, Quillard foi nomeado pintor da casa real, tendo ganho fama junto da nobreza da época. E, precisamente, uma das telas da Sé representava a princesa Joana, filha de Afonso V, antepassada dos duques de Aveiro. Comparando as telas da Sé de Aveiro com outras obras de Pierre-Antoine Quillard, tornam-se evidentes traços característicos do pintor em apreço, o que deixava então pouca margem para dúvidas.

Com esta descoberta, Luís de Moura Sobral conseguiu mostrar que Quillard não se destinguiu apenas pela semelhança das suas obras com as do famoso pintor francês, Antoine Watteau, mas que as sua telas estavam também ligadas à corte de Portugal. Consegue, ainda, o catedrático da Universidade de Montreal, pôr em evidência as influências da pintura francesa na arte portuguesa. Afinal, Quillard era muito mais do que pensava!

Luís de Moura Sobral, pretendia apresentar esta sua descoberta ao público, em geral, e às comunidades universitária e portuguesa no quadro do lançamento de uma Cátedra de Cultura Portuguesa na Universidade de Montreal. Infelizmente, não o pode fazer pois no dia destinado para o efeito, houve greve de professores da Universidade em questão. Ao que julgamos saber, essa conferência foi apresentada na sala multiusos do Consulado-Geral de Portugal em Montreal, com uma assistência numerosa.