Termos angolanos
nas obras de Ondjaki

(coligidos por Yuri Aires e corrigidos por Luís Aguilar)


Bom Dia Camaradas é um livro empolgante e fácil de ler, cujo narrador é uma criança e consegue despertar no leitor sentimentos de nostalgia dos tempos de infância, dos momentos de comédia inocente. Por outro lado, a estória transporta o leitor para uma Luanda dos nos 80, fala de situações que refletem as de outros países: a vida escolar, a ditadura militar, o nosso primeiro amor, as despedidas de amigos, etc. De facto, Bom Dia Camaradas, sendo o primeiro romance de Ondjaki, pela sua simplicidade e pelo humor. É um excelente livro de introdução ao repertório de um dos escritores mais jovens e mais promissores da literatura escrita na língua de Camões, Machado de Assis, Pepetela e Mia Couto.

Yuri Aires

Acender as vistas (abrir os olhos de espanto):
- ela passou-me um saco que eu acendi logo as vistas: tinha bué de chocolate lá dentro.(pag. 38)

Ché! (interjeição que exprime surpresa, espanto):
- Ché! Só o poster!
(pag. 34)

Coche (pouco, pequeno, pequena quantidade):
- Queres uns coche?
(pag. 82)

Lambisgóia (beliscão):
- O macaco lhe esticou uma lambisgóia do lábio que até saiu sangue.
(pag. 35)

Maluco (pessoa itinerante, vagabunda e sem abrigo, geralmente sofrendo de problemas psicológicos):
Guerra até chegava na boca dos malucos, aquele maluco que se chamava Sonangol porque sempre se besuntava com óleo, já só dava para ver a boca vermelha e os olhos brancos. (pag. 129)

Mujimbos (boato, mexerico):
Havia até pessoas que sabiam mujimbos do Kuando Kubango, das estórias que contavam que os sul-africanos eram duros, mas que tinham cagunfa dos cubanos. (pag. 129)

Poster (estilo, aparência):
- Ché! só o poster!tava a matar.
(pag. 34)


O futuro é feito da mão de um mais-velho adormecida na mão de um mais-novo. os mais velhos sabem: a sabedoria de quem já viveu, e viu e falou, é o modo como se dá voz aos que agora chegaram com coisas novas de fazer... as pegadas mostram a direção; mas cada pé pisa um caminho sempre novo.

Ondjaki

Andar a zungar (andar a vender na rua):
- não meu amigo. andamos juntos a zungar. (pag. 68).

Bizno (negócio):
- diz à tua irmã para vir cá, parece que temos bizno! (pag. 51)

Boelo (fraco, parvo, estúpido, lento):
- qual comida, não fica boelo também... (pag. 55)

Cumbú (dinheiro):
- kilpa só faço com um adiantamento de cumbú - ele riu. (pag. 27)

Dikelengo (gíria utilizada para dizer que certa pessoa é boa na arte de palavrear):
-... mas qual é o dikelengo que vos traz por aqui? (pag. 105)

Kilape (venda a crédito):
- vai, se for assim de kilape, tou fraco de kwanzas. (pag. 27)

Kínguilas (mulher que troca divisas na rua):
- sabemos que o kota tem bizno lá em baixo com as kínguilas. anda a fazer nota com as notas, câmbios e tal. (pag.105)

Kota (adulto, maduro):
- o kota sabe, nós temos respeito pelo kota, ele não pode mais aparecer lá. (pag. 27)

Maka (problema, dilema):
- catalotolo teimoso - sorriu devagar o CamaradaMudo - diagnosticado já pelos médicos..., é maka crónica. (pag.33)

Matako (traseiro, rabo,):
- para lá com essa conversa de bunda, Paizinho - criticou CamaradaMudo, irritado, enquanto procurava um assento - para mais essas palavras da novela, você não sabe dizer rabo ou matako? (pag. 132)

Muatas (chefes):
após alguns cruzamentos, chegaram a um largo pacato com casas vastas, casas de muatas, com guardas à porta, algumas com dois e três militares, outras com guardas dessas empresas de proteção. (pag.63)

Páginas com Termos Angolanos:

Glossário de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

Dicionário de dialetos angolanos

Casa de Luanda de A a D, Casa de Luanda de E a L e Casa de Luanda de M a Z