Manuela Aguiar, deputada à
Assembleia da República Portuguesa pela Emigração
do Círculo Eleitoral Fora da Europa, visitou uma vez
mais o Canadá, não se tendo esquecido de Montreal.
Depois de ter estado presente no Primeiro Congresso Internacional
A Vez e a Voz da Mulher Imigrante Portuguesa, realizado
em Toronto, foi convidada especial da Exposição
Lusófona, promovida pela Casa de Angola, na
Missão Santa Cruz, no passado domingo, dia 21 de Setembro,
acompanhada pelo Cônsul-geral de Portugal em Montreal,
Dr. Nuno Bello, e pelo Conselheiro do Conselho Mundial
das Comunidades Portuguesas para Montreal e Otava, o senhor
Francisco Salvador: Foi a primeira vez, que, em toda a
minha carreira política, vejo reunidos, no contexto
da emigração, vários comunidades de países
lusófonos numa actividade cultural e artística,
disse Manuela Aguiar.
No dia seguinte,
22 de Setembro de 2003, pelas 11h00, disponibilizou-se para
receber, no Consulado-geral de Portugal em Montreal, a imprensa
local, onde marcaram presença apenas o jornal, LusoPresse,
a Rádio Clube de Montreal e Francisco Salvador,
na sua dupla função de Conselheiro e de colaborador
de O Emigrante. Num ambiente descontraído e,
numa amena cavaqueira, Manuela Aguiar disse-se feliz e surpreendida
pelas várias iniciativas de cariz lusófono que
decorrem actualmente em Montreal, não regateando elogios
à Exposição Lusófona e
ao filme 1953- Cais de Esperança, realizado
pelo grupo Jovens em Acção e a exposição
Encontros, patente no Centre d'histoire de Montréal,
estando estes dois últimos eventos integrados no programa
das Comemorações do Cinquentenário
da Chegada da Primeira Vaga de Imigrantes Portugueses ao Canadá.
Manuela Aguiar realçou ainda o significativo impacto
que a nossa cultura está a ter neste momento em Montreal,
pela própria mão dos quebequenses, como por
exemplo, a projecção do filme Portugal de
Olivier Berthelot, no quadro de Les grands explorateurs
e da exposição Álvaro Siza, Architecte,
no Centre de design de l'Université du Québec
à Montréal.
Com nostalgia e apreensão constata Manuela Aguiar o
gradual desinvestimento do Governo de Portugal nas Comunidades
Portuguesas espalhadas pelo mundo. As causas, no seu conjunto,
aponta Manuela Aguiar, à crise global e que é
também política do actual governo que ao tentar
ser um bom aluno da Europa Comunitária fomenta
cortes de toda a espécie e feitio, em áreas
nobres e vitais, procurando, assim, corresponder ao que a
CE impõe. Se se quer continuar a fazer conhecer
a nossa língua e cultura, ter-se-á que contar
quase que exclusivamente com os apoios locais dos vários
países, o que é completamente utópico
e, constitui sem dúvida, um grande tiro no pé.
Do governo iremos a continuar a ouvir os discursos de tanga,
e, por isso, resta-nos esperar - diz a deputada, com
um toque de conformismo a que não estávamos
habituados - Que o nosso Conselheiro consiga fazer milagres
junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros
- diz. Francamente, não vemos como.
Manuela Aguiar em seu nome
e da Comissão das Comunidades entregou à
sempre jovem Maria Luísa Fernandes, Chefe dos Serviços
Sociais e Culturais do Consulado-geral de Portugal em Montreal,
a Medalha de Reconhecimento pelos inúmeros anos
de dedicação, trabalho e voluntariado à
Comunidade Portuguesa de Montreal. Melhor fora que em vez
da medalha Manuela Aguiar trouxesse da parte da Ministra das
Finanças a autorização necessária
para que Maria Luísa Fernandes pudesse continuar a
exercer as funções consulares que ao longo de
décadas tem desempenhado com entrega total e entusiasmo.
Que Manuela Aguiar, uma mulher
de armas, que pensa pela sua cabeça, não desarme
nos seus ideais e princípios e possa ser uma vez mais
a voz dissonante do discurso monocórdico do partido
do governo e do alheamento pobrete e alegrete da oposição.
Para já, promete combate, no estafado problema da recuperação
da nacionalidade por parte dos que dela foram privados pelo
longínquo Salazar, quando Portugal uma vez mais entristecia.
E parece não ser ainda hora como dizia o poeta.
E, uma vez mais se fez silêncio para que se cantasse
o triste fado.