Eça
Exposição
Por
Fotos de Carlos Martins e Vitália Rodrigues |
Numa das mais frias noites do mês de Janeiro, dia 21, reuniram-se no Consulado-Geral de Portugal em Montreal, cerca de 70 pessoas que compareceram à inauguração da Exposição bilingue do Instituto Camões: Eça de Queirós. Marcos Biográficos e Literários 1845-1900 /Eça de Queirós. Parcours Biographique et Littéraire 1845-1900. Os conferencistas Nuno Mello Bello e Luís Aguilar apresentaram ao público, ali presente várias facetas de Eça de Queirós, de novo em Montreal depois de 131 anos de ausência onde na altura considerou que em Montreal não há ruas - mas alinhamentos de jardins.
sussurravam alguns
elogios aos aspectos iconográficos apresentados nos cartazes e
se trocavam impressões sobre Eça Vida complicada, mas plena,
do nosso real(ista) escritor da segunda metade do século XIX e
já Luís Aguilar iniciava a sua comunicação,
sobre aquele que foi considerado pelo insuspeito escritor argentino, Jorge
Luís Borges: O maior romancista de todos os tempos. Chamando
a atenção para algumas forças de expressão
decorrentes da celebração recente do centenário da
morte do romancista, Luís Aguilar utilizou a expressão de
força para colocar alguns pontos nos "i". Luís
Aguilar pôs em evidência trechos bastante reveladores de As
Farpas e, fê-lo sob recomendação do romancista
sob um riso que peleja. Que peleja pela razão e contra a tolice.
Dos Mendes, Possidónios e Conselheiros Acácio que, imunes
à ironia queirosiana, dizem, por exemplo, que o Eça tinha
um dia defendido a venda das colónia para salvar o país,
que o Eça se converteu no fim da vida ao patriotismo exacerbado,
que o "Primo Basílio" e "O Crime do Padre Amaro"
eram plágios das obras de Flaubert e Zola... Como qualquer
escritor de renome, Eça de Queirós é visto a preto
e branco. A preto por muitos autores como, por exemplo, António
Lobo Antunes e José Saramago, chegando este último a escrever
uma carta aberta post mortem, desrespeitosa e pretensiosa, a nosso ver.
num espaço que
ganhou uma nova vida ao qual não será alheio o dinamismo
e a eficácia da sempiterna jovem consular Maria Luísa Fernandes,
Chefe dos Serviços Sociais e Culturais, a quem os conferencistas
esqueceram de agradecer pois que dela emana, como sempre a certeza de
coisas bem organizadas.
Resta ainda assinalar a qualidade do material produzido ao que julgamos saber, sem qualquer apoio oficial, por parte da Secção dos Estudos Portugueses da Universidade de Montreal, donde citamos apenas a colecção de 20 postais do Eça e uma colectânea de textos recolhidos de jornais, Internet, bem sistematizados e graficamente qualificados.
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