SUBIA A RUA DO CARMO COM TANTA ALEGRIA
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Sempre na Avenida da Liberdade, o monumento de Simón Bolivar, herói da independência da América Hispânica: "La libertad es el unico objecto digno del sacrificio de la vida humana. Outra longa meditação. A Avenida desta Liberdade só para que só vale a pena tomar uma vida ou sacrificar a sua... Subia a rua do Carmo com tanta alegria. Em Lisboa há sempre: Hoje há caracóis Há bifanas... Há Berbigão... Há Marisco... Há Pregos... Há Codornizes... .Há Sandes Diversas... Sim, em Lisboa, Matilde, há sempre.... coração de alfacinha. E sempre haverá!.. Em Lisboa há grafitis, em qualquer lugar, até nos muros decorados de azulejos nas estações de metro. Mas vale a pena. Julguem por si mesmos: Sem verdade, tu és perdedor.. ou Há quantos anos trabalhas para pagar coisas inúteis...ou Não mais um Donut para as esquadras....ou A publicidade toma-nos por estúpidos....ou Se o voto melhorasse as condições de vida, seria proibido votar...ou Ontem estudante, hoje explorado...amanhã desempregado!!! Em Lisboa há grafitis que dizem muito! Em Lisboa, é alvo de publicidade: Se o Verão aquecer, não te esqueces da roupinha! Porque coras, Matilde..? Nunca usou roupinhas? O pai do teu filho morreu antes do seu nascimento, Matilde, ó Matilde, na guerra de Moçambique, com 28 anos...Mas disso, Matilde, não quer falar.... vale mais esquecer, esquecer... Que acabem com essa terra e suas guerras e venha o Reino de Deus! O lobo pastará com o cordeiro, mas nous nous serons morts, mon frère! Não posso abandonar-te, Matilde, testemunha de Jeová; respeito-te Matilde, doce Matilde, boa Matilde, nas tuas crenças... Por sua causa, Matilde, no outro dia, na rua do Carmo, parei para ouvir uma velhinha falar-me do Reino: ouvi-a, com respeito Matilde, pela primeira vez, por sua causa sua, por sua causa... Subia a rua do Carmo com tanta alegria. Nos corredores da estação de metro Universidade, hoje em dia, os estudantes passam e voltam a passar sem vê-las. Mas eu vi-as e chorei..., como chorei quando vi Notre-Dame de Paris ou o Grande Canhão. Duas citações nos muros. À primeira vez que as vi, fiquei como petrificado: num estado de espírito em que me encontrava, nesse dia, parecia que tinham sido escritas para mim!. Uma dizia: Não sou nem Ateniense, nem Grego, mas sim, um cidadão do mundo. (Socrates) E a outra: Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse as perfeições das coisas (Cesário Verde). Nem Ateniense, nem Grego, nem Português, nem Canadiano, nem sequer Quebequense: Cidadão do mundo! Não morrer! Viver eternamente, buscar e conseguir as perfeições das coisas. Sim, tudo isso tivesse tido para mim! Lembro-me sempre do senhor subindo a rua do Carmo com tanta alegria. Se o senhor pudesse ver como o Rossio é um espanto, escrevia-me a Matilde, a doce Matilde..., doce testemunha de LISBOA!
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