CRÓNICA
DE UM DIA FELIZ DE CARLOS CÉSAR EM TORONTO |
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Se
é verdade que todos somos portugueses, todos somos açorianos
e todos somos iguais Carlos César
Acompanhámos o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e a sua dinâmica e coesa equipa, na sua passagem por Toronto, onde tivemos a oportunidade de contactar com figuras vitais e obreiras do que de bom se vai construindo naquela localidade do Ontário e que tanta diferença faz do que habitualmente se passa no Quebeque: a irrequieta Nellie Pedro a provar que há mulheres de armas, Joe Eustáquio que vai a todas, o afável e conversador, Fernão Perestrello, Cônsul Geral de Portugal em Toronto, o novel político Mário Silva, o distinto Carl de Faria, único ministro de origem portuguesa que faz parte de um governo provincial, no Canadá e muitos outros que lideram e activam as reservas criativas e o espírito empreendedor dos seus conterrâneos, membros da comunidade portuguesa de Toronto. Um trabalho que não é de um dia mas que é desenvolvido quotidianamente. Todos estes dinamizadores souberam reunir vontades, mobilizar energias, canalizar desejos, para que seja possível as actividades comemorativas a que tivemos o gosto de presenciar, no Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, o 10 de Junho. E os inúmeros brasileiros que habitam no mesmo bairro, dito Português, não quiseram perder pitada do enorme corso tradicional que exibe quilómetros e quilómetros de carros, a fazer lembrar, certamente, o seu Carnaval. Centenas de canadianos, para não dizer milhares, também quiseram assistir à demonstração épica do espírito nacionalista e patriótico de um povo que às vezes se esquece que tem um tesouro importante, que é a Língua Portuguesa, a sexta mais falada do mundo, à frente do Francês, que tem um património cultural pujante e cerca de oito séculos de História. Mas deste tesouro, deste património cultural e até da história, os açorianos foram privados de partilhar, tal o isolamento a que Portugal tantas vezes os votou. Por isso, os nossos compatriotas das irritantemente chamadas ilhas adjacentes no tempo do fascismo, à parte as insistências separatistas de uns tantos, teve sempre de (re) construir a sua identidade, de afirmar a sua especificidade, tendo muitas vezes de esquecer as razões que os levaram há quase cinquenta anos, a deixar os Açores para ganhar a vida dignamente numa terra que os acolheu e lhes mostrou, ao contrário do que se passava na sua terra Natal que, aqui, todos os sonhos são possíveis. Festejam-se agora os cinquenta anos do início dessa aventura e, ao contrário do que se passou em Montreal, há em Toronto um grupo dinâmico e alargado de personalidades que se preparam para comemorar, como merece, tal evento. E porque Carlos César não o dirá, certamente, todos os dias, assume particular relevância a invulgar frase que da sua boca saíu, espontânea e emocionalmente, e ecoou no discurso que fez para milhares de pessoas: - Vivi hoje, certamente, o dia mais feliz da minha vida. E congratulou-se ainda com a forma como aqui se defende Portugal e se ajuda a construir este grande país que é o Canadá. E foi uma constante dos discursos do Presidente Regional dos Açores, o apoio às comunidades Açorianas no Canadá, no sentido de encorajar o significativo capital humano que, sem dúvida, constituem os açorianos que vieram dar a estas paragens. - Andanças, porque, aqui, o lema não é os cães ladram e a caravana pára! - corrigia-nos uma simpática açoriana de São Miguel que connosco falava como se fossemos de outra origem que não a portuguesa. E que continuou a abusar da nossa ignorância sobre aspectos que desconhecíamos dos Açores, apesar das anteriores tertúlias com Joviano Vaz, Norberto Aguiar, Anália Narciso, José Arruda e tantos outros: - Você se calhar nem saboreou ainda a pimenta na racha. E dito isto deu de freches, deixando no ar uma sonora gargalhada dos presentes. Quando regressou trazia uma enorme batata cortada ao meio com molho picante dentro. Enquanto alguém, por perto, dizia ao Presidente Regional dos Açores: - Sempre que regresso dos Açores posso dizer com orgulho aos canadianos: A minha Terra já é quase igual à vossa. Ao levantar do pano, e com um grande abraço do presidente ao seu amigo de Peniche, Joe Eustáquio, contrariando o pejorativo significado dos amigos da sua terra, referia que em cada ano que passa, por altura das Comemorações da Semana de Portugal o seu cansaço é grande, dado tratar-se de um evento que se torna cada vez maior, mais exigente na organização e com mais despesas a pagar. Joe, que não se considera um homem perfeito, é um incansável organizador destas perfeitas e pujantes comemorações do 10 de Junho, este ano celebradas a 9. Presidente da ACAPO, Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário, Joe Eustáquio congratula-se pelo significativo aumento dos seus associados e enfatiza: alguns deles são das ilhas. E a talhe de foice Carlos César não perde a oportunidade para lançar um desafio: - Que os muitos representantes das inúmeras associações aqui presentes que naturalmente provêm de diferentes regiões e que porventura têm orientações políticas e partidárias diferentes, quando não opostas, sem prescindirem das suas ideias, aplaudam o que fazem as outras associações de orientação política contrária como eu, aqui e agora, vou bater palmas aos partidos que me fazem oposição. Todos são indispensáveis. E todos aplaudiram.
Para trás ficam as palavras de Carlos césar que encorajam a andar para a frente: Quando vi a força,
quando percepcionei a alma, quando senti a paixão açoriana
transbordar pelas ruas de Toronto, senti que tínhamos ganho um
grande pedaço da nossa história. Hoje ganhei muito mais
em duas ou três horas que nos dias e semanas de uma campanha eleitoral.
Esta manifestação de realidade que aqui estamos a viver,
esta exaltação das nossas raízes - algo que ninguém
nos pode tirar - são também um estímulo para aqueles
que nas nossas ilhas fazem crescer os Açores e engrandecer Portugal.
Que, aqui e lá, os açorianos se orgulhem do caminho que
retomámos, do progresso que estamos a desenvolver e da imagem
de modernidade dos Açores e de Portugal no mundo que estamos
a construir. Vou-me embora com o grande orgulho em ser açoriano, com um grande orgulho em ser português.
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