A Morte Ruidosa Interpôs-se no Caminho do Criador de Silêncios
por
Luís Aguilar


Muito depois da leitura do conto A Viagem de Sophia de Mello Breyner Andresen por Beatriz Batarda, acompanhada ao piano por Bernardo Sassetti, o músico conta-nos o exercício que faz todas as manhãs para manter as costas direitas depois de tempos infindos ao piano. Praticamo-lo todos de imediato.


Imagens da receção após a sessão de leitura A Viagem por Beatriz Batarda, acompanhada ao piano por Bernardo Sassetti, o músico.

Conhecemo-nos no recital, A Viagem, conto de Sophia de Mello Breyner Andresen, lido por Beatriz Batarda, acompanhada ao piano por Bernardo Sassetti, na Capela do Bom Pastor em Montreal.

Conhecemo-nos e tornamo-nos instantaneamente amigos. Bernardo Sassetti morre agora, de morte estúpida. E choramos um amigo de sempre e para sempre. E apenas nos vimos uma vez. Perdão, uma vez é pouco, como disse ele no decorrer da conversa. Haverá outras. E foram, de facto, muitas outras vezes num só instante. E lembramo-nos, neste momento, de Pessoa, para compreender pessoas que se encontram deste modo:     O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Assim foi.
N
ão estamos sós. Os amigos nunca estão sós. Muitos estudantes meus que tinham feito aí um primeiro batismo, em relação à cultura portuguesa, também o sentiram.

Acompanho Mário Laginha que diz que toda esta morte é um absurdo, uma coisa que nunca deveria acontecer. Tão irreal que torna concreto o conselho de Bob Hope que Sassetti não seguiu: Morrer é algo a evitar - pode arruinar uma carreira inteira, de um dos melhores músicos e artistas do mundo, como refere o músico Carlos Martins que realça os 25 anos de convívio com uma das melhores pessoas do mundo.
Quanto a nós bem gostaríamos de dizer que as notícias sobre a morte de Sassetti são um pouco exageradas ou que na sua maneira brincalhona de encarar a vida tivesse, como o fez Aleister Crowley, com a cumplicidade de Fernando Pessoa, simulado o seu suicídio.
Ficamos de organizar uma segunda vinda sua a Montreal e pesa-nos na consciência o facto de não termos trabalhado com a urgência, que agora sabemos, ser necessário. Tínhamos tempo. Não tínhamos coisa nenhuma, como bem o sabemos agora. Estou zangado com ele… raiva, zanga… mas vou perdoá-lo, quando a raiva passar, confessa o músico Pedro Burmester que com ele, Mário Laginha produziram 3 Pianos em 2007. Terminamos com as palavras de Sergio Godinho que subscrevemos: um entusiasmo infantil - infantil no sentido mais nobre da ingenuidade, de pureza.

Recorde algumas criações musicais de Bernardo Sassetti:

Notícias sobre a Morte de Bernardo Sassetti:
Público
Expresso

Reações à Morte de Bernardo Sassetti :
Expresso

Fotogaleria do Expresso

Ver o filme Alice

 

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