Lisboa
pertence àquele género de Português
que ficou sem emprego
e, assim, após uma vida de aventura,
entre naufrágios e conquistas, que duraram
dois séculos,
recolheu timidamente a casa a fazer meia e a cantarolar
o fado.
Álvaro
de Campos
Propomo-lhe
uma viagem virtual pela multifacetada e poética
cidade de Lisboa ( moura,
cristã, plural, múltipla, rica, variada,
diversa), onde
o antigo convive com o novo,
os contrastes se complementam, a história,
a poesia e o fado estão presentes em cada
esquina. Lisboa inesquecível.
Alis
Ubbo, Olissipo, Felicitas Julia, Aschbouna, AI-Ushbuna
ou Lishbuna,
Lisboa, depois de sucessivas ocupações
foi definitivamente
conquistada aos Mouros em 1147 por D. Afonso Henriques,
contando com a heroicidade de, entre muitos outros,
Martim Moniz, que morreu entalado numa porta da
fortaleza, para que os seus companheiros entrassem
na cidade.
A história
e o destino de Lisboa, que em 1256 se tornou a capital
de Portugal, não se podem conceber separados
do legendário rio Tejo, cujo estuário
é um dos maiores do mundo. Lisboa,
berço
das grandes descobertas foi a
capital do mundo, de um império que ia de
África à América do Sul, da
Índia ao Extremo Oriente. Foi cofre das riquezas
acumuladas depois da viagem de Vasco
da Gama
às Índias e da descoberta
do Brasil por Pedro
Álvares Cabral. Uma ostentação
espelhada nos imponentes monumentos de estilo tipicamente
português, dito Manuelino, de que o Mosteiro
dos Jerónimos e a Torre
de Belém são apenas dois
exemplos.
Em
1 de Novembro de 1755, um terramoto
levou a ostentação e riqueza, mostrou
o barroco de braços abertos, a inquisição
de braços atados e os jesuítas de
braços cruzados e deixou um rasto
de destruição na Baixa lisboeta. Na
rotunda da Lisboa a.T. (antes do terramoto)
e da Lisboa d.T. (depois do terramoto), surge a
figura do Marquês de Pombal que preparou Lisboa
para o regresso das caravelas e para a navegação
por entre os cravos, tendo aproveitado a crise para
diminuir o poder da igreja e da nobreza.
Lisboa onde as partidas são também
chegadas, cidade com gare n'alma e, por isso
mesmo, nunca igual, nunca repetida. Lisboa Capital
Europeia da Cultura em 1994, Lisboa da
Exposição Mundial de 1998, Lisboa
que acolheu vibrou e festejou
o Euro 2004. A Enseada
Tranquila, como lhe chamaram os Fenícios,
tornou-se uma ville à la mode que
se voltou para o futuro, essa terra de ninguém,
tão desconhecida como outrora. Ontem como
hoje, os bravos Lusitanos, querem de novo dobrar
o Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança,
conforme o humor dessas estranhas e desvairadas
gentes que hoje povoam a capital, de tanga ou
de roupa de marca.
Lisboa
de bairros históricos (Alfama,
Bairro
Alto, Castelo e Mouraria),
casas
antigas, ruas
estreitas, azulejos
e janelas.
Lisboa de Fernando
Pessoa, d'A
Brasileira, berço de
grandes
poetas que a cantam
em verso, prosa e fado foi o palco dos Descobrimentos
e do V
Império. Lisboa de Amália,
das adegas e casas
de Fado. Lisboa de dia e da noite...
Lisboa gastronómica,
regada por
bons
vinhos, dos
velhos
cinemas e das fitas da vida nocturna.
E por que não também a Lisboa moderna,
do Colombo
e das Amoreiras?
Lisboa,
certamente, comporta milhentas excursões
virtuais como esta. Propomo-lhe uma deriva pelas
duas excursões virtuais do Centro Virtual
Camões:
Lisboa
Medieval
Lisboa dos Descobrimentos
Lisboa
foi tema de várias conferências na
Universidade de Montreal, no quadro das Belles
Soirées da Faculdade de Educação
Permanente:
Lisbonne,
muse de la littérature et du Fado.