Novo Mundo
Quando Colombo avistou
Terra p`la primeira vez
Na viagem p`ra ocidente,
Nem sequer imaginou
Que a descoberta que fez
Era um novo continente
Descobriu-se o " Novo Mundo",
Nasceram mil ilusões
De, neste mundo oriundo
De mil países e Nações,
Se construírem as bases
De uma nova sociedade
Onde as gentes são capazes
De viver em liberdade,
Paz, amor e harmonia,
Longe da escravatura,
Onde o povo lançaria
A semente que perdura,
Da vida em democracia
E socialmente segura,
Mundo onde a religião
Não fosse imposta por rei,
Onde a lei do coração
Se impusesse como lei
Onde a cooperação
Entre povos e famílias
Fosse o cimento, a união
Contra invejas e quezílias
.
Sob as bases de um consenso
Criaram normas de vida
P`ra cada comunidade;
Este território imenso
Era a Terra Prometida
Da futura sociedade,
Onde a terra e a riqueza
Fosse bem distribuída,
Onde a própria natureza
Não fosse tão destruída
Um mundo longe da guerra
Como todos sonham ter,
E onde, enfim, nesta terra,
Se reconheça a mulher
Um mundo onde a criança
Tenha livre acesso à escola,
Saúde, amor, esperança,
Em vez de pedir esmola
Um mundo de tolerância,
Mundo de prosperidade,
Mundo dos sonhos de infância
Baseado na igualdade
Mundo onde o sentimento
Mande mais do que a razão
E o amor seja o fermento
Que transforme o coração
Novo Mundo idealizado,
Mundo novo de ilusão,
Aventureiro, risonho,
Novo Mundo do passado
Transformado em decepção
Que não foi mais do que um sonho
Pois depois de tantos anos,
Tantas promessas em vão,
Ilusões e desenganos,
O " Novo Mundo " de então,
Já é velho, sem virtude,
Agressivo, imperialista,
Com preconceitos e rude,
Dominador e egoísta
.
Um mundo que está doente
Com droga e com corrupção,
É um mundo indiferente
Ao crime, à prostituição
Um mundo de desavenças,
Mundo de segregação,
Mundo de mil e uma crenças,
Um mundo de exploração
Onde o povo do passado
Parece estar condenado
Mesmo à exterminação,
Porque os Maias, os Astecas,
Os Incas e os Memotecas
E outros povos ancestrais,
Os Comanche, os Guarani,
Os Hirons, os Mapuchi,
São eles os naturais
Pensa-se autor da verdade
E tal, de forma exclusiva,
A brandir a liberdade,
Que usa de forma abusiva
Os gurus da religião,
Artistas do bem falar
Na Rádio e Televisão
Criticam a podridão
P`ra poderem explorar
Com fé e convicção :
-Mandem conforme puderem,
Mostrem generosidade,
Escutem o vosso irmão!..
Mas depois de convencerem
Vivem na ociosidade
À custa de um bom sermão..
Falar de democracia
É quase uma palhaçada,
P`ra ganhar há uma via,
Compra-se o voto e mais nada
.
Cortam até na saúde
E na assistência social
Não creio que alguém os mude,
Nesta corrida infernal
.
A política secreta
Depende do presidente,
Cada qual com seu carisma,
O que muito o mundo afecta
Pois não mede certamente
Tudo pelo mesmo prisma..
Mesmo no tempo presente,
Na era da informática,
As ordens do presidente,
São já questão problemática..
Querer só poder e glória
É uma doença ruim
Pois não há, segundo a história,
Poder que não chegue ao fim
Se não gostam do governo
Eleito em qualquer país,
Fazem-lhe a vida um inferno,
Logo metem o nariz
Dizem os historiadores
E analistas reputados
Que " Setembro " é o producto
De ataques, falsos valores
Mundo fora semeados,
Que agora geraram fruto
Justificam uma guerra
Sob a possível ameaça,
Em qualquer parte da Terra,
E depois é uma desgraça
Julgam a Europa cansada
E velha, sem ideais,
Que continua arreigada,
Totalmente ultrapassada,
Aos seus títulos reais,
Só p`ra nem ser consultada
Inventam os inimigos
Se não gostam de quem manda,
Imaginam mil perigos,
Reforçam a propaganda
Para porem no poder
Só quem mais lhes convier
Usam mais que uma bitola,
P`lo menos no que se passa
P`rós lados do Oriente;
Nem é preciso ir à escola
P`ra entender esta desgraça
E dela estar consciente
O que é gasto em armamento,
É quase uma aberração,
Mesmo sem consentimento
Dos cidadãos da Nação
Armas tão sofisticadas
Que até fazem impressão
À população captiva
Armas por Laser guiadas,
Armas "nova geração"
E de destruição massiva
Com uma ínfima parte
Do custo e diplomacia,
Que é uma arma potente
Se for usada com arte,
A guerra não existia,
O mundo era diferente
Invocam certo altruismo
De paz, de libertação,
Mas com tanta ingenuidade
Tanta dose de cinismo,
Que forçam a informação
A esconder a realidade.
Num país onde não há
Um ministro da cultura
Não seria de estranhar
O exemplo que nos dá
De exacerbada censura
P`ra assim melhor controlar
Julgam que são visionários,
Mais ainda, missionários
Do campo da liberdade,
Lançam-se em mil aventuras
P`ra impor às outras culturas,
Muitas vezes milenárias,
Novas formas de (verdade ?)
E outras " Bases"
solidárias
E não dão alternativa,
Levantando o tom da voz,
De outras possíveis saídas,
Gritando de forma altiva;
-São por nós ou contra nós,
Até às Nações Unidas
.
Por causa da hegemonia
Do poder, infelizmente
Entrou-se numa histeria,
Jogo de demagogia,
Em que tudo se desmente
Quase como por magia
Fabricam muitos eventos,
Não tendo argumentações,
Atacam sem argumentos ,
Com segundas intenções
Fazem guerra preventiva
P`ra impedir uma ameaça,
Mas que mais ninguém o faça,
Que eles têm prerrogativa
Se houvesse compreensão,
Mais espirito de ajuda
E aumentasse o investimento
Na saúde, educação,
O que a repressão não muda,
Mudaria num momento
Porém não é o direito
Mas a força dos canhões,
Que está regendo o planeta
Sendo assim, qualquer sujeito,
Agride as outras nações,
Se não houver quem se meta
Nunca vi tanta arrogância,
Tanta inflexibilidade
Nem um coração tão frio,
Esta sede de vingança
Mete em risco a humanidade
Só de pensar
me arrepio.
Diz - Eu quero, posso e mando -
Porque depois, nessa terra,
Sempre fica algum espólio;
Vai tirar o lucro quando
Puder terminar a guerra,
Com os poços de petróleo.
Dizem que é normal errar,
Mas um erro é sempre um erro,
Nem que se lavem as mãos,
Do qual pode resultar
Todo um país destroçado
E a morte dos cidadãos
O sangue não é resgate
Que o país tem que pagar
P` ra mudar uma nação
E por mais gente que mate
Nada puderá mudar
Sem mudar a educação
Apenas pode gerar
Mais disputa , mais rancor,
Desespero, frustração
E ódio, em vez de amor,
Democracia, união
Por pior que a ditadura
Seja, nada justifica
Atacar a outra nação
E assim, desta envergadura,
É mais um crime que fica
Sem nenhuma explicação
Em gravata, o presidente,
Dá ordens p`ra que o soldado
Mate gente que nem vê,
Totalmente indiferente
Aos que lá do outro lado
Morrem sem saber porquê
Gentes sem nada a perder,
Numa situação horrenda,
Desesperados, sem tecto,
É ocasião p`ra dizer
Que neste caso a emenda
É pior do que o soneto.
Muitas vezes, boas falas
Dão efeito mais seguro,
Devendo ser sempre assim;
Não foi preciso usar balas
P`ra deitar abaixo o muro
Comunista de Berlim
Na filosofia antiga
Há quem diga e com razão,
Que nas decisões vitais,
Quem decide é a barriga;
Devemos colher lição
No exemplo dos animais,
Nenhum mata por matar,
Que a lei da sobrevivência
Rege a colectividade
Os humanos, p`ra mandar,
Cometem sem consciência
Crimes contra a humanidade
Nem as manifestações
No Planeta, pela Paz,
Constringem a presidência;
São milhares, são milhões,
São a voz da consciência
E nem as preces do Islão
Nem de João Paulo II
Chefe da Igreja Católica,
Impedem a intervenção
Nos cinco cantos do mundo,
Numa guerra diabólica
Em cada míssil que lança
Guiado com precisão,
A imponente força aérea
Semeia ódio, vingança,
Deixa dor, destruição,
Órfãos, viúvas, miséria
Mas que crime cometeram
As crianças indefesas?
E o que dizermos das mães
Logo que reconheceram
Imagens das gentes presas,
Dos filhos mortos, reféns?
O sangue dos inocentes
Clama, implora por justiça,
Contra os lucros indecentes
E a potência que as atiça
Antes, Gregos e Romanos
Dominaram muitos povos,
Agora os Americanos,
São os Romanos, mais novos.
Na Constituição que fizeram,
Ironia do passado,
Os Romanos também deram
O poder, a um Senado.
Estão preparados p`rá guerra
Atómica e nuclear,
Podem destruir a Terra
Que poucos vão contestar
Se olharmos com atenção
Iremos ver certamente
Sob a imagem puritana,
Que os grandes déspotas são
Criação americana
Eu creio que o mundo inteiro
Abusa da hipocrisia
Pois por causa do dinheiro,
Confundem Democracia
Com Poder e Tirania.
Mas será este o ideal,
Prometido " Mundo Novo ",
Uma terra sem igual,
Um paraíso p`ró povo?
É esta a pedra angular,
Da ditosa sociedade
Que às vezes nos faz sonhar?
No fundo, a realidade
Do mundo que a gente queria,
Não é mais que uma miragem
Deste lado do oceano;
" Novo Mundo " ? Mas que engano,
Falaciosa mensagem,
Pois o mundo de igualdade
Não passa de uma utopia!
Mas nem tudo é negativo,
Não sejamos pessimistas,
Há valores, há liberdade
Já que tudo é relativo
Temos que ser realistas
Perante a prosperidade
Há trabalho, há riqueza
Terra muito produtiva,
Clima p`ra todos os gostos,
Pão que sobeja na mesa
E o que mais nos incentiva,
Gente de todos os rostos
Neste imenso continente
Afinal o que é preciso,
É mudar o pensamento
E que até o presidente
Utilise o seu juízo
E corte no armamento
Talvez um dia aconteça
Que finde a desigualdade,
Neste mundo que eu conheço
De milionários à beça
Explorando a sociedade
Prosperidade? A que preço?
Não defendo outro sistema
Que fomenta a opressão
Forjada em demagogia,
Nem nenhum estratagema
Que transforme uma nação
Em falsa democracia
Mas se mudarmos um pouco,
É um pequeno contributo,
Prova que a gente é capaz
De mudar o mundo louco
E transformá-lo no fruto
De um " Novo Mundo " de Paz
Fernando André
Montreal-Canadá
20/03/2003