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A
Lusofonia é comparável com a Comonwealth
e ou com a Francofonia?
E com a Hispanofonia e a Arabofonia?
Se bem que a Lusofonia
se tenha inspirado na Commonwealth e, sobretudo, na Francofonia,
não se pode comparar com elas, dada a sua fragilidade
de funcionamento e a debilidade na prossecução
dos objetivos que diz querer alcançar.
A Francofonia é considerada uma organização
concreta de 49 estados e países, no âmbito da qual
podemos identificar uma política internacional de cooperação,
ao serviço da educação, da diversidade
cultural, da economia e do desenvolvimento, da paz, da democracia,
dos direitos do homem, regidos por programas específicos.
Por seu turno, a Commonwealth também é uma grande
organização com 53 membros, com objetivos de proteção
dos direitos do homem, igualdade para as mulheres, desenvolvimento
económico, comércio justo, proteção
do meio-ambiente, apoio à ONU, Educação,
programas culturais, etc.
Infelizmente, a Lusofonia não chega - e parece-nos estar
ainda longe de chegar- aos calcanhares da Commonwealth e da
Francofonia.
A primeira razão deve-se, obviamente, ao número
de países membros de cada uma das respetivas organizações,
oito, que integram a Lusofonia em contraste com os 53 países
membros da Commonwealth, os 49 da Francofonia e os 19 da Hispanofonia.
Em segundo lugar, porque a Lusofonia é um movimento mais
recente que os outros, que emergiu da tardia descolonização
portuguesa. A terceira razão para a fragilidade da Lusofonia
quando comparada com os outros movimentos sócio-linguísticos,
deve-se ao facto de a maioria dos povos que pertencem à
Lusofonia serem países muito pobres e ou destruídos
pelas guerras coloniais, primeiro, e civis, depois. A Commonwealth
é um prolongamento do colonialismo britânico e
tenta o mais possível implementar um poder diplomático
e económico Inglês, sobre países diversos,
quer eles falem ou não Inglês. A Francofonia funciona
da mesma forma mas: em vez de se centrar na economia, privilegia
a cultura, criando diversos organismos de difusão, como
por exemplo, a TV5, televisão internacional da francofonia.
A RTPI Internacional, cumpre muito precária e parcialmente
esse objetivo.
Não espanta que a Lusofonia não tenha conseguido
ainda afirmar-se face às outras organizações
internacionais e que, por via disso, tenha muito menos poder
de ação que a Commonwealth e que a Francofonia,
e o seu peso seja, ainda, diminuto. Bom seria que a CPLP e os
PALOP tivessem mais disciplina e organização e
fizessem prova de credibilidade. Se houvesse menos problemas
e menos corrupção no seio destas duas organizações,
talvez as mesmas pudessem mostrar ao mundo inteiro a vontade
de empreender realizações concretas. Como é
que se pretende que a Lusofonia seja reconhecida pelo mundo
fora quando os organismos que visam a sua divulgação
e promoção são os primeiros a rebaixá-la,
com comportamentos inaceitáveis, como por exemplo, a
infeliz história da compra de um mercedes para a presidente
brasileira da CPLP, no momento em que se discutia uma ajuda
humanitária a Moçambique? Este facto veio relatado
nas colunas do insólito de alguns jornais quebequenses
e canadianos. Com efeito, as notícias da Lusofonia, por
cá, só nas páginas do incrível.
Mas, a Lusofonia também não tem comparação
possível com os míticos movimentos da Hispanofonia
ou da Arabofonia que, dada a imensidão dos seus eventuais
associados e disparidade de situações, nem põem
os países que integram esses supostos movimentos a questão
de fabricarem uma tal organização. De qualquer
modo, todas essas comunidades que referimos têm em comum
a língua, à exceção, em parte, da
Commonwealth, uma vez que o Inglês como língua
hipercentral na galáxia das línguas do mundo,
impõe-se por si mesmo e dispensa os entediosos e enervantes
(des)acordos ortográficos. Quase o mesmo sucede com o
Espanhol.
A Francofonia é uma organização que tem
um significativo peso na cena internacional, pois conta, com
uma liderança francesa, que em quase nada se compara
com a liderança(?) portuguesa. Por seu turno, a experiência
que o tempo confere àquelas permite a definição
de uma política concreta e a verificação
e o aperfeiçoamento, tempo esse de que a Lusofonia não
dispôs ainda, sendo de todas a mais jovem comunidade linguístico-cultural.
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