LUSOFONIA: OS NOVOS MUNDOS DO MUNDO
Pesquisa Orientada na Rede
por Luís Aguilar



Resposta à Questão 19

A Lusofonia é comparável com a Comonwealth e ou com a Francofonia? E com a Hispanofonia e a Arabofonia?

Se bem que a Lusofonia se tenha inspirado na Commonwealth e, sobretudo, na Francofonia, não se pode comparar com elas, dada a sua fragilidade de funcionamento e a debilidade na prossecução dos objetivos que diz querer alcançar.

A Francofonia é considerada uma organização concreta de 49 estados e países, no âmbito da qual podemos identificar uma política internacional de cooperação, ao serviço da educação, da diversidade cultural, da economia e do desenvolvimento, da paz, da democracia, dos direitos do homem, regidos por programas específicos. Por seu turno, a Commonwealth também é uma grande organização com 53 membros, com objetivos de proteção dos direitos do homem, igualdade para as mulheres, desenvolvimento económico, comércio justo, proteção do meio-ambiente, apoio à ONU, Educação, programas culturais, etc.

Infelizmente, a Lusofonia não chega - e parece-nos estar ainda longe de chegar- aos calcanhares da Commonwealth e da Francofonia.

A primeira razão deve-se, obviamente, ao número de países membros de cada uma das respetivas organizações, oito, que integram a Lusofonia em contraste com os 53 países membros da Commonwealth, os 49 da Francofonia e os 19 da Hispanofonia. Em segundo lugar, porque a Lusofonia é um movimento mais recente que os outros, que emergiu da tardia descolonização portuguesa. A terceira razão para a fragilidade da Lusofonia quando comparada com os outros movimentos sócio-linguísticos, deve-se ao facto de a maioria dos povos que pertencem à Lusofonia serem países muito pobres e ou destruídos pelas guerras coloniais, primeiro, e civis, depois. A Commonwealth é um prolongamento do colonialismo britânico e tenta o mais possível implementar um poder diplomático e económico Inglês, sobre países diversos, quer eles falem ou não Inglês. A Francofonia funciona da mesma forma mas: em vez de se centrar na economia, privilegia a cultura, criando diversos organismos de difusão, como por exemplo, a TV5, televisão internacional da francofonia. A RTPI Internacional, cumpre muito precária e parcialmente esse objetivo.

Não espanta que a Lusofonia não tenha conseguido ainda afirmar-se face às outras organizações internacionais e que, por via disso, tenha muito menos poder de ação que a Commonwealth e que a Francofonia, e o seu peso seja, ainda, diminuto. Bom seria que a CPLP e os PALOP tivessem mais disciplina e organização e fizessem prova de credibilidade. Se houvesse menos problemas e menos corrupção no seio destas duas organizações, talvez as mesmas pudessem mostrar ao mundo inteiro a vontade de empreender realizações concretas. Como é que se pretende que a Lusofonia seja reconhecida pelo mundo fora quando os organismos que visam a sua divulgação e promoção são os primeiros a rebaixá-la, com comportamentos inaceitáveis, como por exemplo, a infeliz história da compra de um mercedes para a presidente brasileira da CPLP, no momento em que se discutia uma ajuda humanitária a Moçambique? Este facto veio relatado nas colunas do insólito de alguns jornais quebequenses e canadianos. Com efeito, as notícias da Lusofonia, por cá, só nas páginas do incrível.

Mas, a Lusofonia também não tem comparação possível com os míticos movimentos da Hispanofonia ou da Arabofonia que, dada a imensidão dos seus eventuais associados e disparidade de situações, nem põem os países que integram esses supostos movimentos a questão de fabricarem uma tal organização. De qualquer modo, todas essas comunidades que referimos têm em comum a língua, à exceção, em parte, da Commonwealth, uma vez que o Inglês como língua hipercentral na galáxia das línguas do mundo, impõe-se por si mesmo e dispensa os entediosos e enervantes (des)acordos ortográficos. Quase o mesmo sucede com o Espanhol.

A Francofonia é uma organização que tem um significativo peso na cena internacional, pois conta, com uma liderança francesa, que em quase nada se compara com a liderança(?) portuguesa. Por seu turno, a experiência que o tempo confere àquelas permite a definição de uma política concreta e a verificação e o aperfeiçoamento, tempo esse de que a Lusofonia não dispôs ainda, sendo de todas a mais jovem comunidade linguístico-cultural.

Mais Informação: Commonwealth Secretariat
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