LUSOFONIA: OS NOVOS MUNDOS DO MUNDO
Pesquisa Orientada na Rede
por Luís Aguilar



O que é para mim a Lusofonia?

A Lusofonia como a Seiva de uma Árvore
por
Fernando André
Estudante de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas da Universidade de Montreal

Podemos descrever a Lusofonia como a seiva da árvore que constitui o Mundo Lusófono, espalhado pelos cinco continentes.

A Lusofonia é, igualmente, como a alma de um conceito político-linguístico, enraizado da componente cultural e religiosa, pretendendo lançar raízes no terreno social e económico.

A Lusofonia alimenta uma árvore recente que ainda precisa de ser regada, podada, tratada com carinho, para poder crescer e resistir a ventos e intempéries.

A Lusofonia é um conceito político-linguístico. Estas duas facetas são inseparáveis. O elemento político é imprescindível à Lusofonia. Sem a criação de novos espaços políticos como países independentes, a Lusofonia seria uma concha vazia, uma casa sem fundações nem estrutura. A revolução portuguesa do 25 de abril de 1974 abriu as portas à criação de novos países, fomentando, indiretamente, as bases da Lusofonia. Antes do 25 de Abril, falava-se mais em relações luso-brasileiras do que em Lusofonia.

A segunda condição, tão importante como a primeira, é a questão linguística. Sem a mesma «fonia», a mesma base linguística com origens lusas, seria impensável este conceito.

A Lusofonia está igualmente revestida de valores culturais e religiosos, um legado de séculos de história e presença portuguesa em tantos recantos do mundo. Esta componente não é, no entanto, condição essencial à Lusofonia, pois os valores culturais e religiosos estão, igualmente, espalhados através das comunidades emigrantes, desde há muitos anos, sem que por tal se tenha falado em Lusofonia. Sem deduzirmos que a causa produziu o efeito, podemos salientar, no entanto, que as comunidades têm contribuído para o conceito de Lusofonia, através da colaboração e intercâmbio entre as diferentes comunidades de países de expressão portuguesa. Sem serem necessariamente o elemento mais forte da Lusofonia, os aspetos social e económico são projetos de ação e intercâmbio preferencial, facilitado pelo cimento linguístico.

Apesar de o português ser falado por muitos portugueses e luso-descendentes nos países onde a presença das comunidades portuguesas se faz sentir, nomeadamente na África do Sul, Rodésia, Austrália, Venezuela, Canadá, Estados-Unidos e vários países da Comunidade Económica Europeia, assim como noutras antigas colónias portuguesas tais como na Índia e em Macau, oficialmente o CPLP reagrupa apenas os oito países de expressão lusa ( Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné Bissau e Timor Lorosae ).

Além dos interesses de ordem linguística e cultural, o CPLP promove igualmente o aspeto económico como um dos elementos importantes. Este intercâmbio económico e tecnológico deve, por sua vez, suportar o projeto linguístico e cultural para que a árvore lusófona cresça e seja cada vez mais frondosa, alimentada pela seiva da Lusofonia.

Em resumo, a Lusofonia não é uma organização , a CPLP, mas sim a alma e a razão da sua existência.

Montreal, 17 de fevereiro de 2004