Luís Aguilar

 

Exemplos de Atividades Sugestopédicas
por

Luís Aguilar


 

Algumas Imagens de Atividades Sugestopédicas orientadas por Luís Aguilar:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Vamos descrever algumas atividades paradigmáticas do método sugestopédico, atividades que se caracterizam pela prevalência do autoconhecimento sobre os conteúdos gramaticais, lexicais, vocabulares, etc., pela transferência de conhecimentos para situações de comunicação, pela centração na pessoa do estudante, pela condução ao êxito na aprendizagem, pela autossugestão positiva e pelo reforço da autoestima, mobilizando, para o efeito, fatores poderosos do inconsciente.

O Acolhimento

Doze participantes, seis do sexo masculino e seis do sexo feminino - que geralmente integram um grupo de aprendizagem pelo método sugestopédico - vão durante 96 horas, à razão de 4 horas por dia, distribuídas por 24 dias, aprender as bases de uma língua estrangeira. São recebidos numa sala com cadeiras confortáveis, tipo cadeiras de avião dispostas em semicírculo. Começam por ser informados, num clima descontraído, que vão aprender cerca de 2000 unidades lexicais e que devem ler, depois de cada sessão, antes de se deitarem, um texto de base sugestopédica, durante 15 a 20 minutos, texto que lhes será entregue pelo professor no fim de cada aula. Nas paredes, encontram-se vários cartazes sugestivos, com imagens e palavras do país da língua de aprendizagem, assim como quadros com nomes e adjetivos ou a conjugação de verbos, frases-chave da língua-alvo, etc. O professor pede aos participantes que sejam pontuais, informa que apenas lhes será permitida uma falta e aconselha-os a levarem uma vida sã, a deitarem-se cedo e a evitarem situações de tensão traumatizantes.

Realça-se, aqui, a importância conferida pelo Método Sugestopédico de Lozanov à necessidade de criar um clima agradável de aprendizagem e estimular a atividade periférica inconsciente.

A Apresentação

O professor cumprimenta cada participante e apresenta-se com um nome, local de nascimento e profissão fictícios, originários de um país onde se fala a língua de aprendizagem. Os estudantes escolhem, igualmente, um nome fictício, uma profissão e um local de nascimento, relativos a um país onde se fala a língua que vão aprender. Para os que não tenham conhecimento de nomes, cidades, profissões, etc., do país onde se fala a língua-alvo, o professor distribui listas escritas na língua de aprendizagem com nomes, profissões, cidades…

O professor retoma regularmente a personagem que cada um escolheu no início do curso, colocando várias questões sobre a sua personalidade, com o fim de espicaçar e incentivar a sua melhor definição, podendo alargar ao resto do grupo, a colocação de questões. Naturalmente, cada participante procurará, pelos meios que entender, informar-se sobre locais, iguarias, acontecimentos sociais da região e época em que vive ou viveu a sua personagem, construindo assim a sua ficção. Não raras vezes, o professor em cada aula dedica um momento de 20 minutos para este tipo de exploração, que pode abranger apenas a personagem de um participante por sessão, sem prejuízo da manutenção de cada personagem durante todo o tempo de duração do curso, por parte de todos os aprendentes.

Contar Histórias e Narrar Eventos

Antes de introduzir o tema de cada sessão, o professor, durante cerca de 30 minutos, explica os aspetos do funcionamento da língua necessários à compreensão do texto da lição, dando informações lexicais, fonéticas, gramaticais, recorrendo, igualmente, à descrição de pessoas, lugares, objetos, obras de arte, etc. para situações de aplicação imediata: descreve, em pormenor, uma casa típica, a que seguem perguntas na língua-alvo sobre a casa de cada um dos estudantes; narra uma viagem que fez, para pedir, de seguida, a narração de viagens que os participantes já tenham realizado.

Questionamentos

Um momento importante de cada sessão é aquele em que cada participante responde a questões que se encontram num pequeno cartão: Quando? Porquê? Para quê? Com quê? Com quem? Para um grupo de 12 estudantes haverá 3 cartões com a mesma pergunta, cujas respostas o professor recolhe, agrupando-as em séries de 3. Em cada série haverá 3 respostas para cada uma das questões e lê as frases produzidas, cujo conteúdo será, em princípio, desprovido de lógica, salvo se à partida for imposto um tema. Se o grupo for maior e ficarem de fora, por exemplo, dois dos estudantes, caberá a estes a tarefa de criarem novas associações e, consequentemente, novas frases. O objetivo da presente atividade é produzir diálogos criativos a partir da relação bipolar pergunta - resposta.

Conjugação de Verbos em Coro

Outro momento característico do método sugestopédico é o da conjugação de verbos em coro: o professor pede aos estudantes que, em coro, conjuguem vários tempos de alguns verbos, salientando as especificidades e as diferenças que os mesmos apresentam, na língua estrangeira, dando exemplos. Constroem, depois, frases para cada um dos verbos conjugados. Com as frases produzidas e, em grupos, criam uma história, recorrendo, se necessário, a frases de ligação.

Exploração de Textos

O professor apresenta o texto da sessão dividido em várias partes, cabendo a cada participante a leitura de uma delas em voz alta. São, geralmente, pequenos diálogos tirados de vários textos de autor que refletem uma conceção fundamentalmente positiva do homem em oposição à conceção freudiana, que Lozanov considerava pessimista.

A primeira bateria de textos reporta-se à problemática do autoconhecimento; a segunda ao vocabulário do quotidiano de um grupo variado de pessoas, desde o levantar ao deitar (o tempo, as compras, as refeições, as visitas, as viagens, os desejos, as profissões, a ida ao correio, ementas completas de um restaurante, as estações do ano, etc.); a terceira série de textos direciona-se para temas ligados à arte e à cultura do país cuja língua é ensinada (teatro, cinema, pintura, música, artes decorativas, dança, etc.); o quarto grupo diz respeito aos temas sobre sentimentos e emoções (o amor, a amizade, o medo, a alegria, a tristeza, a cólera, etc.). A escolha do vocabulário obedece a critérios de frequência de emprego e da sua utilidade prática, havendo, em cada texto, estruturas lexicais e gramaticais precisas, como por exemplo, o emprego do pretérito perfeito composto na série de textos relativos à arte e a utilização do imperativo pessoal em textos sobre conselhos ou ordens. No ritual de exploração de um texto, que ocorre em cada sessão, o professor lê ou conta uma história que, gradualmente, os participantes vão compreendendo. Seguem-se exercícios de tradução, acompanhados de explicações gramaticais e lexicais e das particularidades, similitudes e diferenças existentes nas línguas materna e estrangeira. A grande utilidade destes exercícios de tradução é, de resto, a comparação entre o funcionamento das duas línguas.

Concerto Ativo

Com o texto relativo à lição diante de si, os aprendentes ouvem extratos de música de Bach de modo a atingirem um estado de relaxação psíquica e de máxima concentração. Na parte esquerda da folha, o texto encontra-se na língua materna e, na parte direita, o texto está redigido na língua de aprendizagem. O professor, permanecendo de pé, numa atitude solene, lê o texto da sessão ao ritmo da música. Os estudantes sublinham algumas palavras ou expressões para esclarecimento ou discussão posterior.

Concerto Pseudo-Passivo

À atividade de concerto ativo segue-se uma outra de concerto pseudo-passivo, em que, desta vez, com música de Vivaldi, os participantes são convidados a fecharem os olhos e a ouvirem a música, enquanto, em tom normal, o professor lê o texto do dia. Depois de acabada a leitura, o professor abandona a sala, em silêncio, tendo, entretanto, escrito no quadro que a aula terminou e com a indicação que cada um deve reler o texto em casa, antes de adormecer.

O Jogo de Papéis, a Simulação e a Dramatização

Um dos traços mais marcantes da Sugestopedia é, com efeito, o uso sistemático de certos meios, particularmente o jogo de papéis, que facilita, ou é suposto facilitar, a apropriação da estrutura de uma nova língua (Lerède, 1983, p.223).

Depois de ter sido dado vocabulário sobre uma viagem propõe-se, por exemplo, uma situação e jogo de papéis: - Imaginem que as vossas personagens se encontram num aeroporto. O que dizem? Com quem falam? Como passam o tempo até à hora do embarque? Que perguntas fazem? Que respostas obtêm? Segue-se a proposta de uma situação simulada: para adquirir, desenvolver ou aplicar o vocabulário de boa educação e a utilização de fórmulas de cortesia, os participantes imaginam-se personagens que se encontram pela primeira vez, num café, numa empresa, na universidade, no banco, no hospital, etc.
A partir de um conjunto de palavras de utilização mais frequente os participantes escrevem um pequeno parágrafo. Reunidos em grupo, redigem com as frases de cada um, um pequeno texto que passa pela seleção de três ou quatro textos suscetíveis de serem dramatizados. Pode-se, ainda nesta fase, modificar-se em grupo algumas partes do texto produzido.
Após a leitura dos vários textos, pede-se a cada grupo que passe à ação dramática, aquilo que foi criado no papel. Se a tónica era antes colocada na palavra, neste terceiro momento da atividade os vários participantes concentrarão os seus esforços na comunicação.
Finalmente, os vários grupos apresentam as suas produções, que serão motivo de análise tanto quanto ao conteúdo como à forma escolhida. Pode, eventualmente, após as análises realizadas em grande grupo, voltar a repetir-se cada dramatização.