Sofrimento
Este é o tema
de muitos poemas de variadíssimas formas que exprimem provocado pela
colonização. A colonização dos países
africanos resulta nas mesmas experiências de degradação
humana e económica, e provoca a mesma miséria em todos os
países. Dois exemplos de poesia que exprimem este sofrimento em formas diferentes, são poemas da Guiné-Bissau. No primeiro, Sofrimentos, de Carlos-Edmilson Vieira, o poeta sente a dor de séculos de escravidão que ainda estrangula o povo africano. Não acusa. O choque emocional que provoca este poema é na sua simplicidade, começando com uma explicação lógica que cada homem, na sua vida, passa pelas dores, e que esta dor não o inquieta. Em meia estrofe passa à outra dor de injustiça, que alcança o ponto culminante, na terceira estrofe, na enumeração de acontecimentos da história da escravidão. Em Cantos do meu País, de Julião Soares Sousa, cada estrofe começa com a palavra pesada "canto", como se fosse acompanhado por um rufar de tambor. É um clamor de sentimentos muito forte. Sente-se o efeito dos "grilhões" que perduraram até agora, mas onde não falta a esperança. Sente-se o sofrimento e a degradação no seguinte exemplo comovente: Choro de África. Escrito por um poeta de Angola, este poema é um clamor de dor, mágoa, sofrimento e protesto muito poderoso que evoca sentimentos fortes. A força deste poema é no ritmo acelerado da enumeração de condições de servidão que percorrem todos os aspectos da e vida e da natureza. É a repetição que dá uma urgência às frases repetidas até ao auge do verso choro de África é um sintoma. (A ausência de pontuação aumenta esta urgência). O poeta não desespera, antes visa um futuro em liberdade. |
Sofrimentos
de Carlos-Edmilson Vieira A dor que em mim mora pois esse já fiz oferenda a dor que em mim mora
é a que vi em Bissau é a que viveram na travessia para Dakar é a que viveram na travessia para Cabo Verde é a que vejo no corpo dos outros |
Cantos do
meu País nas galés corpos acorrentados a chicote nas AméricasCanto cantos tristes do meu país cansado de esperar a chuva que tarde a chegarCanto a Pátria moribunda que abandonou a luta calou seus gritos mas não domou suas esperançasCanto as horas amargas de silêncio profundo cantos que vêm da raiz de outro mundo estes grilhões que ainda detém a marcha do meu País. |
Choro de África (Poeta Angolano) Choro durante séculos Choro de séculos Choro de séculos Choro de África é um sintoma |