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Os Nomes Próprios. Os Nomes de Cidades e Países.
por
Luís Aguilar

Sempre que possível, nomes de países e cidades em outras línguas devem ser grafados em sua forma correspondente em português: Nova Iorque (e não New York), Zurique (e não Zürich), Quebeque (e não Québec). Os termos que não possuem versão em português, como Washington, Los Angeles e Buenos Aires, devem manter a grafia original.

In Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Os nomes próprios das pessoas grafam-se segundo a regra ortográfica mais atual. Luís e não Luiz. E, ainda menos, Luis sem acento. Pela mesma ordem de razão Filipe e não Philippe. E, ainda menos, Felipe.
No seu registo de nascimento encontra-se, o nome do autor desta coluna, grafado desta maneira: Luiz Filipe Mello de Aguilar. No bilhete de Identidade atual o Luiz que carregava um z, vê-se agora, substituído por um s e acrescentado de um acento no i e o Mello de então, deixou cair um l. E ponto final! Mas - e há sempre um mas enervante nas ortografias - pode aceitar-se o uso dos nomes grafados como aparecem nos registos de nascimento. Por isso, se assim o desejasse, o autor desta coluna, para ressalva de direitos, poderia manter, à margem da ortografia oficial, o nome Luiz de Mello de Aguilar.
Luiz Inácio Lula da Silva, para citar um exemplo ilustre, insere-se nessa tradição de contrariar a lei de 1943, segundo a qual todo Luís deveria ser escrito com s e acento. Escreve o brasileiro ilustre Sérgio Rodrigues: Como se sabe, a lei de 1943, regulamentada por decreto presidencial dois anos e meio depois, foi prontamente acatada nos dicionários, nas escolas, na imprensa, por todo lado. Nos cartórios é que não houve jeito de pegar.
Eça de Queirós, assim se chama o grande romancista português, introdutor do Realismo em Portugal, como nova expressão de arte, assinava Eça de Queiroz, que era a ortografia da época e que, nas condições que temos vindo a descrever, deve ser respeitada. Pode-se, pois, escrever das duas maneiras, mas não de forma arbitrária. Com efeito, cada um pode escrever o seu nome fora das regras estabelecidas, mas só para ressalva de direitos. É nesse sentido que se deve aceitar e respeitar a grafia adotada pela grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen.

Eça de Queirós não ganhou o prémio Nobel porque nesses recuados tempos tal prémio não havia. Mas Sophia podia tê-lo ganho como merecia. A propósito: - Diz-se Nóbel ou Nobél. Deveria dizer-se Nobel, com acentuação no e ou mais propriamente sem acentuação). Mas o uso consagrou a forma inglesa por que é pronunciado: com a acentuação no o. Aceitam-se as duas formas de pronúncia, como se aceita, por idênticas razões, dizer-se Oxford e não Oxónia como deveria acontecer, já que, os nomes das cidades e países traduzem-se em Português. Tal como dizemos Londres e não London ou Montreal e não Montréal, ou Otava e não Ottawa, Canadá e não Canada, Quebeque e não Québec, também deveríamos dizer Cantabrígia e não Cambridge. Mas, tanto Oxford como Cambridge, pela sua inegável internacionalização, foram designações consagradas pelo uso. Fica mesmo pretensioso, para além de incompreensível, dizer-se que se foi formado em Oxónia ou em Cantabrígia. O argumento da fidelidade à língua não pode ser aqui invocado. No entanto, deve evitar-se dizer Anvers, (em Português Antuérpia) ou Genève (em Português Genebra).

Voltando aos nomes próprios manda a fidelidade à língua e o acordo ortográfico luso-brasileiro, já velhinho, datado do ano da graça de 1943, que se traduzam os nomes estrangeiros: Rute de Ruth, Valter de Walter, Susana de Suzanne, etc. Mas, nem na mais fervorosa devoção à língua de Camões ou no mais violento ataque de apoplexia vernácula, nos passaria pelos miolos traduzir Karl Marx, por Carlos Marques, ou Kant por Canto ou Sigmund Freud por Segismundo Fróis. Por esse andar iríamos, de imediato, a um restaurante (ou melhor, porque mais vernáculo, casa de pasto) pedir um disco de massa com molho de tomate e queijo, para evitar o hediondo estrangeirismo: pizza.


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