VINHOS DO PORTO
na Universidade de Montreal

por

Adriana Muhlert Carvalho e Silvya Martins


Alzira Carvalho, Daniel Resendes, Silvya Martins
e Adriana Carvalho


Richard, Helena Santos do Icep e Vitália Rodrigues

As estudantes de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas Adriana a Silvya tiveram a oportunidade de estar presentes na sexta prova de vinhos de Montreal promovida pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IDVP), no passado 26 de outubro de 2006, na grande sala do “Marché Bonsecours”, no Velho Montreal, onde estiveram presentes cerca de 600 pessoas que passearam pelas 22 mesas de vinhos, representando 8 produtores e diversos agentes ligados à indústria do vinho.

Esta mostra que se realiza anualmente é de extrema importância para o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e seus afiliados, uma vez que a concorrência está cada dia mais acirrada, devido à importação de vinhos da Califórnia, Chile, Argentina e Austrália, países cujos preços dos vinhos são mais baixos, o que vem acarretando uma queda no consumo dos vinhos portugueses, na província do Quebeque.

É de assinalar, igualmente, que este ano comemora-se os 250 anos de existência da Região Demarcada do Douro (RDD), a mais antiga do mundo, decretada pelo Marquês de Pombal que lançou as bases do que viria a ser a Região Demarcada do Douro e que tornou possível assegurar a qualidade dos vinhos e, consequentemente, um lugar estratégico no mundo.

Nós, como a maioria das pessoas presentes não sabíamos o que de fato era o vinho do porto, nem tão pouco o significado de alguns nomes e siglas impressos nos rótulos, e estranhávamos os diferentes preços de suas garrafas.

Este evento motivou-nos a investigar sobre a temática do célebre vinho do Porto, no âmbito da cadeira de Introdução à Cultura Portuguesa, orientada pelo professor Luís Aguilar que, por sua vez propôs-nos que a apresentação do trabalho realizado ocorresse no Café-Bar da Universidade La Brunante, o que acabou por acontecer no dia 28 de Novembro pelas 17.30 e com a preciosa e generosa ajuda do dr. Daniel Resendes, proprietário da empresa Vinaction inc. Queremos contar aqui o nosso trajecto de pesquisa e dar o nosso testemunho sobre os eventos supramencionados.

De início o que mais curiosidade nos despertou foi a diferença entre os vários tipos de vinho do Porto e o respectivo modo de produção de cada um. Foi isso que descobrimos nas conversas que tivemos com Silvana e Daniel, cujo resultado damos conta nesta comunicação. Tivemos a oportunidade de saborear cada uma das variedades do vinho do Porto: Tawni, LBV, Vintage e Rubi, para além do Porto Branco.

Pretendíamos, igualmente, convencer o gerente do café-bar “La Brunante” que acolheu o evento na Universidade de Montreal com entusiasmo a ter doravante, no seu estabelecimento, vinhos do Porto, o que não ocorria até essa data. Quem teve oportunidade de participar
nesta viagem imperdível ao Portugal dos vinhos e dos sonhos ( e pudemos contar com a presença de, para além dos estudantes, a professora doutora Monique Moser, directora do Departamento de Literaturas e Línguas Modernas, o professor doutor Luís de Moura Sobral, professor de História de Arte, o Conselheiro das Comunidades Portuguesas do Quebeque, Francisco Salvador) foi, estamos certas, uma excelente oportunidade para amantes e ou curiosos do vinho do Porto e de Portugal ampliarem os seus conhecimentos. Nomeadamente, que O Porto é um vinho da região do Douro, em Portugal, que sofreu adição de aguardente enquanto ainda fermentava, como mostrou o pequeno filme-documentário exibido. Com a elevação alcoólica, a fermentação pára e o vinho fica mais doce devido ao açúcar residual (existem também vinhos secos, menos comuns). Em seguida o vinho precisa envelhecer em madeira e na garrafa. O método de envelhecimento e a idade do vinho determinam categorias (também chamadas estilos ou tipos), todas identificadas nos rótulos através de nomes específicos.

Os vinhos da região do Porto são tradicionais e reconhecidos em todo o mundo. Tamanha é a sofisticação que, um cálice, ainda que degustado sozinho, torna-se uma elegante bebida. A cor, um vermelho quase violeta, seduz o olhar. O sabor, encorpado mas com final adocicado, surpreende mesmo os mais profundos conhecedores. O perfume, uma mistura de frutas, amêndoas e, por vezes, madeira, lhe garante uma posição particular em uma categoria marcada pelo refinamento. Sua consistência quase licorosa deixa lágrimas de álcool nas paredes do copo. “São lágrimas de emoção, assim como no fado”, descrevem alguns portugueses mais chegados à poesia. A soma de percepções e sentimentos faz do vinho do Porto uma bebida singular, muitas vezes imitada e nunca igualada.

A conjunção de características geográficas, climáticas e geológicas deu à região do Douro condições únicas para a produção desse vinho venerado há séculos pelos ingleses e cada vez mais apreciado em outros países do mundo, como a França, por exemplo, maior consumidor de vinho do Porto. O solo de xisto permite a penetração profunda das raízes em busca dos nutrientes. Os ventos que sopram do Atlântico e o clima seco garantem as condições climáticas ideais para o cultivo de uvas de nomes curiosos, como tinto cão, tinta barroca e touriga nacional.

São as etapas de engarrafamento e envelhecimento que criam quatro categorias deste vinho. O Ruby é resultante de lotes jovens entre 2 à 3 anos antes de ser engarrafado. Preserva assim a cor tinta mais ou menos intensa com aromas e sabores pronunciados de frutas vermelhas maduras, com framboesas, amoras e ameixas. O Tawny é um vinho que só envelhece dentro de barris de madeira, no qual se distingue a sua cor e seu aroma. Apresenta uma cor tinta aloirada, com os aromas de frutos secos, torrefacção e madeira. Já o LBV é incorpado, macio e de aroma mais ou menos frutificado, podendo revelar alguma evolução, dependendo da duração do estágio em madeira. Nenhum tipo porém, possui o esmero do vintage. Trata-se de um vinho de qualidade excepcional proveniente de uma só colheita. Apresenta um cor tinta rubi, com os aromas de frutos e torrefacção.
Durante o evento, conversamos com Silvana Curado, Directora de atendimento ao cliente da Sogevinus em Vila Nova de Gaia, Portugal, a qual tivemos a oportunidade de entrevistar sobre o tema dos vinhos do Porto.

Adriana & Silvya: O processo de fabricação desses vinhos é ainda artesanal ou está automatizado?

Silvana Curado : Ainda existem os dois processos; muitas companhias fabricam de forma artesanal, ou seja, de pisa; e outras , tendo em vista a elevada demanda utilizam o processo automatizado.

Adriana & Silvya : Quais são os factores naturais para o cultivo das uvas destinadas ao vinho do Porto ?

Silvana Curado : A região é seca, por isso as uvas fazem bastante esforços para obter água, o que faz com que as uvas se tornem mais doces. A vinha sofre como o povo daquela região, é a imagem da vida daquele povo.

Adriana & Silvya: Qual é a temperatura ideal para conservação desses vinhos?

Silvana Curado : Devem ser conservados em temperatura ambiente de 18º C.

Adriana & Silvya: Uma vez aberta a garrafa, em quanto tempo o vinho deve ser consumido ?

Silvana Curado : O Vintage, o LBV, devem ser consumidos em até 1 semana. Já o Ruby entre 2 à 3 dias, no entanto, o Tawny conserva-se em até 3 semanas após aberta a garrafa, visto que a rolha é feita de cortiça.

Adriana & Silvya: Como se dá o processo de envelhecimento e armazenamento desses vinhos ?

Silvana Curado : O vintage envelhece dentro dos barris durante 2 à 3 anos, e em seguida deve ser engarrafado e ser armazenado em posição horizontal. Já o Tawny, deve ficar no mínimo sete anos armazenando em pequenos barris de madeira antes de ser engarrafado. Quanto os tipos Ruby, eles envelhecem bem já engarrafados, e a adição de aguardente vínica elimina o processo de fermentação deixando-os doces, frutificados e encorpados. Entretanto o LBV envelhece de 4 à 6 anos antes de ser engarrafado.
Adriana & Silvya: O que acompanha bem o vinho do Porto ?

Silvana Curado : Os vinhos do Porto combinam bem com queijos e chocolates excepto LBV com qual não se recomenda sobremesas muito doces.

Adriana & Silvya: Qual é a temperatura ideal para conservação desses vinhos ?

Silvana Curado : Devem ser conservados em temperatura ambiente de 18º C.

Adriana & Silvya: Uma vez aberta a garrafa, em quanto tempo o vinho deve ser consumido ?

Silvana Curado : O Vintage, o LBV, devem ser consumidos em até 1 semana. Já o Ruby entre 2 à 3 dias, no entanto, o Tawny conserva-se em até 3 semanas após aberta a garrafa, visto que a rolha é feita de cortiça.

Adriana & Silvya : O que faz do vinho do Porto o vinho mais famoso de Portugal ?

Silvana Curado : Sua história. Uma história antiga que faz parte da cultura e que permite que o vinho seja não só um produto de exportação, mas que tenha um valor simbólico.

Adriana & Silvya : Quais são os principais países importadores desse vinho ?

Silvana Curado : O principal comprador é a França, seguida da Holanda, Dinamarca, Inglaterra, Brasil, Canada, Estados Unidos.

Adriana & Silvya : Ele é bem consumido em Portugal ?

Silvana Curado : Sim, existe até uma anedota dos três velhotes. Os portugueses também tem o costume de comprar uma garrafa de vinho (como o vintage) para celebrar o nascimento dos seus filhos e a deixam amadurecer, quando estes completam 18 anos eles abrem a garrafa que já está madura como o filho.


Págnia do convite




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