SARAU DE POESIA E MÚSICA PORTUGUESAS DOS AÇORES

na Universidade de Montreal

Por
Daphné Santos-Vieira

Fotografias de José Rodrigues









O nome oficial deste evento, que decorreu na Universidade de Montreal no dia 15 de Fevereiro de 2005, era: Sarau de Poesia e Música Portuguesas dos Açores, mas houve muito mais do que poesia e música. Para além da cultura açoriana, também foi representada a cultura do continente com duas homenagens a Fernando Pessoa, uma por Luís Aguilar que disse Autopsicografia e outra por Carla Jordão que recitou O Infante, ambos representaram o Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Montreal. Foi também uma ocasião para fazer o lançamento do quinto número do seu jornal: O Lusógrafo, dedicado à Literatura Portuguesa. Foi servido um Porto de honra para acompanhar o lançamento, oferecido pelo proprietário do restaurante Chez Le Portugais, o terceirense Henrique Laranjo.

Estavam presentes, neste sarau, artistas da comunidade açoriana de Montreal que leram poemas da sua autoria. Bem conhecido na comunidade, Joviano Vaz leu-nos dois dos seus poemas: Na Minha Aldeia e Poema ao Mar da Manhã. O não menos conhecido, António Vallacorba recitou, de seguida poemas publicados no seu livro Peito Açoriano, aproveitando para dissertar sobre a afirmação de açorianidade. Amélia de Oliveira-Vaz, que não é açoriana, mas casou com um natural dos Açores onde teve o filho, leu um poema sobre os Açores, Nostalgia e outro intitulado Esta Tão Bela Língua Portuguesa. Cipriana Machado que há mais de cinquenta anos não lia poesia em público, recitou o poema Ilha de São Miguel de Ana Irpic (pseudónimo que usa para escrever) e ao mesmo tempo apresentou os três quadros que decoravam a sala da sua filha, Natércia Rodrigues, que representavam paisagens típicas dos Açores: o mar, os montes, os vales verdes e as hortênsias. A contribuição do Luís Duarte e da Rosie deliciaram os ouvidos dos que estavam presentes, com dois fados bem sentidos e emocionados. Luís Duarte cantou duas canções tradicionais dos Açores: Pézinho da Vila e Lira.

Dois convidados de honra: os poetas Luísa Ribeiro e Eduardo Bettencourt Pinto. Ambos confessaram que eram muito tímidos e, por isso, iam ler os poemas escritos um do outro. Foi pena que eles se tenham limitado a ler os poemas de forma pouco poética. Afinal, o mais interessante da segunda parte do Sarau foram as apresentações que cada poeta fez do outro. Luísa Ribeiro escreveu um texto, O Poeta das Sandálias inspirado num poema do Eduardo Bettencourt Pinto: A Mãe. Ele fez o mesmo com ela escrevendo o texto: A Sereia Sentada no Sofá das Palavras. Durante estas leituras, Luís Duarte acompanhava-os à guitarra.

Finalmente, o Grupo Recordações dos Açores terminou o sarau numa nota alegre com três canções açorianas: Madrugada nos Açores, Saudade (da Ilha de São Jorge) e O meu Peitinho tem Rendas (da Ilha Graciosa). E, desta forma, chegou ao fim esse sarau apreciado pelos presentes que teceram comentários positivos sobre o evento. Esperamos que os organizadores se sintam encorajados a repetir a experiência, porque há muito em Portugal, que todos ganhariam em descobrir, desta forma.

É de referir que, no tempo destinado aos discursos, o cônsul-geral de Portugal em Montreal realçou: a importância de promover a Língua Portuguesa. Por sua vez, a representante da Direcção Regional das Comunidades do Governo dos Açores, dra. Ana Cristina Ribeiro, leu uma mensagem da directora, dra. Alzira Silva, onde lembrou que os jovens são a esperança e os representantes da cultura portuguesa. O Conselheiro das Comunidades Portuguesas no Canadá, Francisco Salvador, engripado, e por isso falou pouco; mas ainda deu para insistir no facto dos jovens serem o futuro da nossa cultura. A directora do Departamento de Literaturas e Línguas Modernas da Universidade de Montreal a quem coube as palavras de boas-vindas, realçou a numerosa afluência de público e ao contrário do que tinha dito no início, ficou até ao fim da sessão.