SUBLIMEMENTE INAUGURADA
A SEGUNDA LINHA DE MONTAGEM DA TAFISA-CANADÁ
por
Luís Aguilar



A convite do jornal comunitário LusoPresse para fazer uma reportagem sobre a inauguração da segunda linha de montagem de produção de aglomerados de partículas da fábrica Tafisa S. A. que integra a Sonae Indústria, grupo industrial português, líder mundial na produção de painéis de madeira, deslocamo-nos no dia 15 de junho de 2000 ao Lac Mégantic, onde a fábrica está localizada. Navegar era preciso, como quem vai à descoberta de especiarias seguindo a rota, não da Índia, mas a dos lagos quebequenses, tal era o cunho patriótico conferido ao evento por parte da comunidade portuguesa.


Vítor Manuel da Silva Santos, Belmiro de Azevedo, Norberto Aguiar, Luís Aguilar e Vitália Rodrigues
Uma grande fábrica que dava novos mundos ao mundo canadiano, paradigma de empreendedorismo de sucesso made in Portugal.

O que tem de ser feito deve ser sublimemente bem feito é o lema de Belmiro de Azevedo, parafraseando Fernando Pessoa: A Ciência de vencer é, contudo, facílima de expor; em aplicá-la ou não, é que está o segredo do êxito ou a explicação da falta dele, diz o poeta dos heterónimos, no qual se inspira o engenheiro de sucesso, de 62 anos, número 1 do Grupo SONAE, que conta com 11 fábricas de aglomerado cru de madeira espalhadas pelo mundo, nomeadamente, Inglaterra, Brasil, África do Sul, Espanha, Canadá, etc.

Os contínuos melhoramentos na fábrica de Lac Mégantic tornaram-na numa das maiores fábricas do seu género no mundo, refere Belmiro de Azevedo. Livernoche diretor-geral da Tafisa Canadá por seu turno, acrescenta que a inauguração da segunda linha de produção de aglomerado de partículas confirma o estrondoso sucesso de um trabalho de equipa cujas características-chave têm sido a competência e a qualidade. (…) Tafisa Canadá não estaria onde está hoje se não tivesse podido contar sempre, com

o dinamismo, profissionalismo e empenhamento (…) de uma mão-de-obra de alta qualidade que faz inveja a muitas empresas do mundo inteiro. Isso mesmo puseram em evidência o ministro das Finanças e Vice-Primeiro-Ministro do Quebeque, Bernard Landry, a ministra do Emprego e do Tra-balho, Diane Lemieux, o Secretário de Estado da Indústria e da Energia de Portugal, Vítor Manuel da Silva Santos e o Presidente da Câmara de Lac-Mégantic, Jean Campeau, perante seiscentas pessoas que testemunharam a grandeza da empresa e do seu principal mentor. Estiveram também presentes o Embaixador de Portugal no Canadá, Duarte de Jesus e o cônsul-geral de Portugal em Montreal, Eduardo Fernandes de Oliveira.

Tudo foi eficiente e sublimemente organizado, com gosto e muita calma, sob a batuta de Fernando Paulinha, diretor português da Tafisa-Canadá que não teve mãos a medir para que tudo decorresse com a grandeza que o evento merecia.

Dos discursos, uma constante: o elogio sincero a Belmiro de Azevedo e às suas capacidades de liderança e de empreendedorismo. A ministra do Emprego e do Trabalho regozijou-se pelo aumento de cerca de 400% de empregados da fábrica: de 60 empregados iniciais, foram-se juntando, até ao presente, mais de 200. O Presidente da Câmara de Lac-Mégantic focou a importância da fábrica para a vida da povoação e o conjunto de obras e criação de infraestruturas previstas para que a fábrica se possa expandir, sem prejudicar o quotidiano nem desequilibrar o ambiente.

É de referir que a Tafisa-Canadá é uma fábrica que representa 10% do mercado norte-americano deste produto, diz Bernard Landry, tratando Belmiro por meu amigo, evocando os bons momentos passados nesse belo, simpático e acolhedor país que é Portugal. A Tafisa-Canadá é a única fábrica que tem um armazém para proteção da matéria-prima e que pode conter até 1 milhão de metros cúbicos, prossegue Claude Livernoche. Outro projeto deverá ser implantado, aqui, no Quebeque nos próximos dois ou três anos, aguardando-se apenas os resultados de um estudo, em princípio, concluído até ao final deste ano, anuncia Belmiro de Azevedo.

Após os discursos, seguiram-se as perguntas dos jornalistas. Praticamente todas dirigidas, alternadamente, a Belmiro de Azevedo e a Bernard Landry e que andaram à volta de metros cúbicos, dólares e investimentos, entremeados com uma salada de cifrões, o que fez com que o sempre bem-humorado, Bernard Landry, acalmasse os seus compatriotas e dissesse: - Não se preocupem com o enorme esforço de investimento em infraestruturas que estamos a fazer e que saem dos vossos impostos. Nós logo recuperamos isso e com juros. No fim, ganharemos todos.


Luís Aguilar, Vítor Manuel da Silva Santos e Norberto Aguiar

Os jornalistas viraram-se, então, para questões ambientais, a que Belmiro de Azevedo respondeu: - São preocupações que não abandono e que me ocupam 24 horas por dia. Na sede da Sonae, na Maia, estou no meio de uma autêntica floresta e, repare, nesta empresa trabalhamos na recuperação de lixo, aparas de madeira no início gratuitas e que hoje pagamos bem para tê-las.

Nesta longa jornada, seguiu-se uma visita à fábrica. Com impecável sentido de organização os convidados foram conduzidos em carrinhos, à vez, dentro do horário previsto. Aí chegados raros foram os que não deixaram cair o queixo com a surpresa. Parecia que tínhamos entrado diretamente no filme «Tempos Modernos» de Charlie Chaplin, versão 2000, ao depararmo-nos com o espaço em que apenas se ouviam as gigantescas máquinas trabalhar sem operários a conduzi-las. Apenas um técnico, por via informática, controlava o caminho das aparas, depois o seu pressionamento, depois o corte, depois… até estarem prontas para serem colocadas num camião.

Já tarde começou a debandada num dia que ia longo. Em conversa, ao pôr-do-sol, pudemos trocar impressões com Belmiro de Azevedo que, sabendo o que estávamos a fazer nestas terras que os Côrte-Real pisaram há quinhentos anos com o fito de aqui se instalarem, incitou o diretor do jornal LusoPresse a evoluir no sentido de fazer do seu jornal um periódico de referência canadiano de língua portuguesa, subjazendo a ideia de que apoiaria o projeto. A nós lança-nos o desafio de, por um lado, difundir métodos de aprendizagem da língua portuguesa via Internet e investir na formação de quadros estrangeiros a trabalhar em empresas portuguesas. E, porque não começar por aqui na Tafisa-Canadá?


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