Luís Aguilar, Sylvie Pelletier e Luís de Moura Sobral em amena cavaqueira após o visionamento do filme.


Igreja de São Louorenço em Almancil no Algarve decorada de azulejos de Policarpo de Oliveira Bernardes .

No Museu Nacional do Azulejo podemos admirar O Grande Panorama da Lisboa anterior ao Terramoto de 1755, painel de azulejo com 23 metros de comprimento.

Painel de azulejos de Júlio Pomar de Fernando Pessoa no Metro de Lisboa

VIAGEM
PELO PRODIGIOSO MUNDO DOS AZULEJOS

por

Sylvie Pelletier
Estudante de Português da Universidade de Montreal

Esta minha viagem pelo admirável universo dos azulejos teve início quando preparava uma apresentação sobre a temática dos azulejos para a aula de Português do professor Luís Aguilar, onde me cabia abordar a problemática dos tão badalados quadrados de cerâmica. No domingo passado, vi o filme Azulejos. Une utopie céramique, de Luís de Moura Sobral, apresentado na Cinémathèque québécoise, no âmbito do FIFA (Festival international du film sur l'art). O trabalho que apresentei na aula não foi mais do que uma modesta síntese sobre o tema dos Azulejos. O visionamento do filme permitiu-me descobrir uma arte antiga impressionante e tão presente, ainda hoje, principalmente em Portugal e no Brasil, sem esquecer Montreal e os bancos públicos da rua St-Laurent que integraram muito bem os impressionantes azulejos contemporâneos na decoração do referido mobiliário urbano.

O filme, do género Road Movie, convivial, simples e sem grandes pretensões, conduz-nos pelo universo dos azulejos começando pelo século XX. Luís de Moura Sobral explica o desenvolvimento contemporâneo dos azulejos que se inicia, provavelmente, por altura da visita de Le Corbusier ao Rio de Janeiro, na segunda metade do século XX, altura em que o grande arquiteto urbanista se deixou seduzir pelos azulejos e, diz-se que sugeriu a sua utilização na arquitetura. Ainda que muito mencionada esta explicação, o certo é que a mesma não se poder dar como certa.

Em Portugal, Luís de Moura Sobral acompanhado de um guia, mostra-nos os azulejos do metro de Lisboa. Wow! Um verdadeiro museu da azulejaria contemporânea portuguesa. Toda a gente deve ir visitar este museu, quero dizer o metro de Lisboa. Depois, recuamos no tempo para descobrir a origem do azulejo. Percorremos vários monumentos para melhor compreender a sua evolução ao longo de cinco séculos: dos azulejos de influência mourisca dos séculos XV e XVI, de elementos geométricos, até à primeira produção portuguesa do século XVII, com um desenho ingénuo, geralmente, uma reprodução de gravuras europeias aos azulejos de que se podem encontrar em Portugal e no Brasil (esta arte foi importada pelos colonos portugueses deste país). Situa-se no século XVIII, o apogeu dos azulejos, o ciclo dos mestres que fizeram obras gigantescas, tão somente com as cores azul e branco. É nesta época que uma maior exigência técnica se pode verificar, a par da participação de artistas como Policarpo de Oliveira Bernardes.

Quanto a mim, gostei, particularmente dos detalhes de azulejos mostrados em grande angular, já que os nossos olhos são insuficientes para tudo ver à vista desarmada. O filme mostra- nos a capela de São Filipe em Setúbal, o que nos permite perceber a utopia ceramista de que fala o realizador.

Depois, Luís de Moura Sobral diz-nos com tristeza que muitos mais azulejos ficam nos entrepostos, não importa como, não importa onde. Por outro lado, o filme dá-nos a conhecer o importante trabalho de restauração e catalogação de azulejos, geralmente de elevado custo, do Museu Nacional do Azulejo em Lisboa, onde muitas pessoas trabalham como voluntárias, procedendo a uma tarefa colossal.

Não queria terminar este pequeno texto sem referir o grande entusiasmo existente no desenvolvimento e na utilização dos azulejos, principalmente, em Portugal e no Brasil. De onde vem esta paixão? Azulejos. Une utopie céramique não responde a todas as perguntas deste gênero, mas permite-nos, com certeza, levantar o véu rumo a um melhor conhecimento da arte dos azulejos. É impossível ir a Portugal e ao Brasil sem reservar tempo para ver esta utopia ceramista. Foi um grato prazer ver esta arte, através do filme de Luís de Moura Sobral. O meu sincero e reconhecido agradecimento.

Ficámos a saber da existência de uma cátedra de cultura portuguesa na nossa universidade, cujo titular é precisamente o professor Luís de Moura Sobral, que realizou o seu filme no âmbito desta instituição académica.



Voltar à Página do
Página Criada
por
Vitália Rodrigues