A Vocação e a Evocação Marítimas dos Portugueses



Não. Portugal não era mais avançado tecnologicamente nem possuía grande força naval.

Parece que na construção naval e na arte de navegar, talvez os Portugueses tenham desempenhado uma certa liderança. Mas torna-se difícil determinar com precisão o papel de Portugal nesta revolução náutica, porque os inventos e melhoramentos técnicos relacionam-se quase sempre com áreas muito amplas e não com países. Grande parte das aquisições teóricas, nos domínios da astronomia e matemática, necessários à navegação tiveram lugar na Espanha muçulmana, moldada por longos anos de estudo islâmico, judaico e cristão, mas essencialmente fundado no mundo romano e grego. Os árabes desempenharam um papel chave na conservação e na transmissão pelos seus escritos deste corpus de ciência. Depois da Reconquista, os escritos árabes foram traduzidos para o latim, surgindo em Toledo uma famosa escola de tradutores. Os Portugueses do Sul estavam bem situados para tirar partido dos conhecimentos teóricos, apesar de estarem particularmente avançados no campo dos conhecimentos práticos resultando da sua experiência e perícia de mareantes. A famosa caravela seria de origem árabe, mas os Portugueses aperfeiçoaram-na, até a aparição, nos princípios do século XV, de um novo tipo de caravela ideal para as viagens de longa distância, “a caravela dos Quatrocentos" que não parou de se transformar até ao século XVI.

A superioridade naval de Castela em relação a Portugal é enorme, mas estava direccionada, sobretudo, para a Guerra dos Cem Anos, enquanto Portugal gozava de longos períodos de paz, o que lhe permitia olhar para o Atlântico.

Como vê, não foi nem a superioridade naval nem os conhecimentos náuticos mais avançados de Portugal que lhe permitiram ser líderes na expansão marítima atlântica. Por isso, encaminhe-se para as possíveis verdadeiras causas:


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