Université de Montréal - Faculté des arts et des sciences -Département de Littératures et de langues modernes
Mineur en langue portugaise et cultures lusophones
PTG 1954-Portugais idiomatique et composition
PTG 1955-Portugais: communications orale et écrite
PTG 2050-Portugais: langue étrangère

Professeur invité d'Études portugaises et Docente do Instituto Camões: Luís Aguilar

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AUTO-RETRATO

REDIJA, NO ESTILO QUE ENTENDER, UM PEQUENO TEXTO QUE O APRESENTE. TRATA-SE DE UM

AUTO- RETRATO. INSPIRE-SE, POR EXEMPLO, EM BOCAGE, NATÁLIA CORREIA OU ALEXANDRE O'NEILL.

 

F
I


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão de altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage em quem luz algum talento;
Saíram dele estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento
.


Manuel Maria Barbosa du Bocage
1765-1805

Poeta pré-romântico português nascido em Setúbal, conhecido por seu estilo rebelde e satírico e considerado o maior poeta da língua no século XVIII. Filho de um advogado sem recursos e de mãe francesa. Foi preso ao divulgar o poema Carta a Marília (1797), passou meses nas masmorras da Inquisição, de onde saiu para o convento dos oratorianos, onde se curvou às convenções religiosas e morais da época.



Retrato Talvez Saudoso da Menina Insular

Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
E ele próprio era o início
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.

E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.

Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.

E quando o seu corpo se ergueu
Voltado para o desengano
só ficou tranqüilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar

Natália Correia
1923-1993

Natália Correia nasceu na Ilha de São Miguel, nos Açores. Muito cedo iniciou a sua actividade literária. Poetisa, ficcionista, ensaísta, tradutora, dividiu a sua criatividade pelo teatro e pela investigação literária.Empenhada politicamente, viu vários dos seus livros serem apreendidos pela censura, chegando a ser condenada a três anos de prisão com pena suspensa, acusada de abuso de liberdade de imprensa.





O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara, nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...


Alexandre O'Neill
1924-1986

Dedicou-se à publicidade e desde cedo se juntou às primeiras manifestações do Surrealismo em Portugal. Afasta-se do grupo
surrealista e colabora nos Cadernos de Poesia.

 


NOME______________________________________________________________________________________
DATA_____/_____/_____

© Luís Aguilar (2000). Manual de Comunic-Acção para o Ensino do Português, Língua Estrangeira
ISBN 2-922821 08 0

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Classificação