André Smith
Faleceu neste outubro de 2006. Em sua homenagem aqui fica um poema do poeta de que mais gostava:

Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade
E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?…
Como poder viver misteriosamente os teus recônditos sentidos
Se os meus sentidos foram murchando como vão murchando as rosas colhidas
E se a minha inquietação iria temer a tua eloqüência silenciosa?…
Eu sonhei!... Sonhei cidades desaparecidas nos desertos pálidos
Sonhei civilizações mortas na contemplação imutável
Os rios mortos... as sombras mortas... as vozes mortas...
…o homem parado, envolto em branco sobre a areia branca e a quietude na face...
Como poder rasgar, noite, o véu constelado do teu mistério
Se a minha tez é branca e se no meu coração não mais existem os nervos calmos
Que sustentavam os braços dos Incas horas inteiras no êxtase da tua visão?...
Eu sonhei!... Sonhei mundos passando como pássaros
Luzes voando ao vento como folhas
Nuvens como vagas afogando luas adolescentes...
Sons… o último suspiro dos condenados vagando em busca de vida...
O frêmito lúgubre dos corpos penados girando no espaço...
Imagens... a cor verde dos perfumes se desmanchando na essência das coisas...
As virgens das auroras dançando suspensas nas gazes da bruma
Soprando de manso na boca vermelha dos astros...
Como poder abrir no teu seio, oh noite erma, o pórtico sagrado do Grande Templo
Se eu estou preso ao passado como a criança ao colo materno
E se é preciso adormecer na lembrança boa antes que as mãos desconhecidas me arrebatem?...

Rio de Janeiro, 1935
in Forma e exegese
in Poesia completa e prosa: "O sentimento do sublime"

Auto-retrato
Emtrevista a Mota Amaral

Auto-retrato
Quebequense em Boa Forma Física,

a Caminho da Amazônia

Sou quebequense, oriundo de um pequeno povo da região de l'Estrie. Ainda que na família, o Francês fosse a língua que todos falávam, desde a mais tenra idade, dominávamos os dois idiomas do país.

Sou de porte atlético, maciço, altura média e cabelos grisalhos.

Ciente da tamanha importância que tem uma boa saúde, pautada por uma boa condição física, jogo tênis e ando de bicicleta várias vezes por semana. Se é verdade que, durante o verão, prefira o descanso e a boa vida social, tudo muda no início de setembro, já que, nessa altura, começam as minhas aulas de Português e, paralelamente, dou aulas de Francês a um pequeno grupo de brasileiros. Além disso, comecei há pouco um curso de fotografia, pois pretendo viajar pela Amazônia Brasileira próximo mês. Quero aproveitar esta oportunidade para tirar uma série de fotos, a fim de acompanhar visualmente algumas palestras.

Neste contexto, estou pesquisando a história e cultura brasileiras para, assim, enriquecer o conteúdo das referidas palestras. Às sextas-feiras, integro um grupo hispano-quebequense, que se reúne para jantar e discutir.

Texto produzido, a partir da proposta de trabalho contida na
Ficha, Auto-retrato


André Smith em janeiro de 2005, na frente da biblioteca da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Neste preciso momento, estaria de partida, de novo, para o Brasil que tanto amava.
Foto tirada pela sua amiga Maria Lucília Araújo