Delphine Melanson

Auto-retrato

Auto-retrato

Auto-retrato Realista de uma Cidadã Mundial sem Raízes Reais

Como descrever quem sou, sem que a imaginação me falte?

Sou - e aqui minha alma pode confirmá-lo - uma criatura ambígua, tanto no plano físico como no plano psicológico. Sou cheia de contrastes: bonita de aspecto, mas de carácter maldoso.

A minha cara é o céu da constelação da minha vida. O meu nariz é redondo e fino, como uma maçã pequena, os meus olhos, com o oceano tão lindo dentro deles, olham o mundo como se fosse um imenso paraíso terrestre que espera a minha vinda para ser descoberto. A minha boca se confunde com uma promessa de sorriso desejado e ensolarado. Meu corpo todo é movimento, onda, quimera de um momento fugaz, o presente, que já não existe mais, porque o tempo também não se pode medir tão facilmente. Ainda desportivo e bem conservado, gosto deste corpo com o qual vivo em harmonia desde os vinte e sete anos.

Seria muito otimista considerar que não tenho preconceitos, que não cultivo o racismo ou outras idéias erradas. Contudo, este cérebro meu luta ferozmente contra as idéias que afastam o ser humano da sua verdadeira natureza: O AMOR TOTAL E INCONDICIONAL PARA TODOS OS MEMBROS DA GRANDE FAMÍLIA HUMANA, aos quais todos pertencemos. Além disso, a minha alma é, sem dúvida nenhuma, artística.

Gosto de cantar, de pintar, desenhar, escrever poesia (ou outros textos fantásticos) e ler e ver filmes ficcionais ou surreais de todos os géneros.

E por aqui me fico, caso contrário, preencheria folhas e folhas até nunca mais acabar. Se é verdade que, por este auto-retrato, ninguém me pode conhecer bem, não é menos verdade que mais vale pouco do que nada. Ou será que não é assim?

Texto produzido, a partir da proposta de trabalho contida na
Ficha, Auto-retrato