Anne
Loranger-King

Auto-retrato
Hetero-Retrato

 

Auto-Retrato

Não se pode dizer que seja alta, mas não gosto da palavra “pequena”. É verdade que não posso olhar por cima de todas as cabeças, mas posso ver os corações.

O contrário é também possível, a minha mãe me diz que sou como um livro aberto...

Qualquer pessoa minimamente sensível pode ler minha alma; é fácil, apenas precisa de dar uma olhadela nos meus olhos azuis grandões.

Tenho dois lados bem distintos e em oposição!

O primeiro mergulha na tristeza; como se tivesse nascido com uma saudade permanente que não tem explicação... É como uma onda que vai e volta, que não se explica... Para os adultos, sou jovem... Mas às vezes, tenho a impressão de ter a idade da terra; como se a tristeza da nossa civilização estivesse aos meus ombros.
O maior paradoxo é que a saudade acompanha também uma grande felicidade.

O segundo lado é essa importância que atribuo ao riso! Os sorrisos das pessoas são como um sol para a minha vida. Acho que esta oposição estabelece um tipo de equilíbrio. Então posso continuar a sonhar e esperar um mundo mais justo, e também apreciar as coisas simples como o vento que sopra sobre o meu cabelo preto.


Texto produzido, a partir da proposta de trabalho contida na
Ficha, Auto-retrato