Ensino de Português
nas Universidades da América do Norte: Situação e Desafios

Congresso que decorre de 16 a 18 de Outubro de 2008

UNIVERSIDADE DE TORONTO
Departamento de Espanhol e Português
Com o Alto Patrocínio do Instituto Camões

Método de Comunic-Acção para o Ensino e Aprendizagem do Português, Língua Estrangeira

Luís Aguilar
Professor Convidado, Université de Montréal e Docente do Instituto Camões

 

Nos últimos cinco anos, temos vindo a desenvolver um trabalho de ensino e investigação do Português, Língua Estrangeira, no quadro das nossas actividades de professor de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas da Universidade de Montreal, estudo que nos conduziu à definição de bases para a construção de um método não convencional, de alto nível expressivo e comunicativo, para o ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, destinado a estrangeiros, em que, a par de uma engenharia pedagógica e de uma tecnologia do desenvolvimento pessoal, se produz material de formação numérico e recursos pedagógicos interactivos na Rede. Ao conjunto ordenado dos fundamentos desse método chamamos Método de Comunic-Acção para o Ensino do Português, Língua Estrangeira, destinado aos estudantes estrangeiros de nível avançado da Língua Portuguesa, no âmbito do programa académico da Universidade de Montreal: Mineure en langue portugaise et cultures lusophones.

O Método de Comunic-Acção para o Ensino do Português, Língua Estrangeira inspira-se, essencialmente, nas doze abordagens seguintes: Dinâmica de Grupos, Modelo de Aprendizagem Centrado na Experiência, Sugestopedia, Programação Neurolinguística, Leitura Mecânica em Voz Alta e Dicção, Aprendizagem Comunitária de Línguas, Jogo de Papéis no quadro das Actividades Dramáticas, Abordagens Expressivo-comunicativas e Artístico-culturais, Gestaltpedagogia, Autonomia e Ensino a distância, Aprendizagem pela Reacção Física Total e Psicodramaturgia Linguística.

Todas estas abordagens possuem um denominador comum: a ênfase colocada na comunicação. Mesmo que na análise que fizemos de todas essas abordagens nos tenhamos deparado, frequentemente, com contradições, verificadas de modelo para modelo, de abordagem para abordagem, de técnica para técnica, de actividade para actividade, tentámos compreender os potenciais pedagógicos que cada um deles encerra.


O Jogo de Papéis: um Meio para a Aprendizagem de uma Língua Estrangeira.

Um dos traços mais inovadores do ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras é o uso sistemático e adequado do Jogo de Papéis, que tem características específicas que o distinguem de qualquer outra abordagem comunicativa, especificidade que pomos em evidência nesta comunicação.

Uma vez que não podemos ter à mão o país cuja língua os estudantes aprendem, criamos uma estrutura espacio-temporal que lhes permita comunicar, através de personagens imaginárias, preparando-os assim para o contacto com os outros, através da língua-alvo de aprendizagem. Este aspecto colectivo e imagético do Jogo de Papéis, promove e acelera todas as aquisições linguísticas e comunicativas mediadas pelo universo social.

O Jogo de Papéis é uma forma de expressão e comunicação em que o indivíduo mostra em actos, na fogueira da acção e na primeira pessoa, o que é, pensa, imagina, faz, etc. Tudo se passa aqui e agora independentemente do grau de preparação que possa ter antecedido a simulação. Alarga-se, assim, a abordagem pedagógica proposta por Dewey, relativamente ao aprender fazendo. Aprender fazendo, sim, mas numa dimensão de Ser. Na expressão de cada pessoa, o Eu Faço, pressupõe o Eu Sou, não fazendo pois sentido, a expressão de um Saber-Fazer, sem a expressão de um Saber-Ser. A organização do ensino de uma língua estrangeira deve, pois, garantir esse espaço-tempo de expressão do SER, do FAZER e do CRIAR, e pode encontrar no Jogo de Papéis o recurso adequado.



Comunicação de Luís Aguilar:
Método de Comunic-Acção para o Ensino e Aprendizagem do Português, Língua Estrangeira