Brasao das armas
Superfície : 4.030 Km²
(um pouco maior que Rhode Island)
População : 519.000 habitantes
Densidade : 126.7 hab./km²
Capital : Praia ( 106.000 hab.)
Língua Oficial :

Português

Língua Nacional:

 Crioulo Cabo Verdiano

Estado:

República Democrática Unitária

Governo: Parlamentarista
Moeda : Escudo cabo-verdiano (CVE)
Data da Independência: 5 de Julho de 1975.
Data da Descoberta: 1460-1462
Gentílico: Cabo-verdiano
Religiões : 95% Católicos
5% Protestantes
IDH (2007) : lugar 102 entre 177 países (0,736) - médio
PIB (2005): lugar 92 entre 180 países
(7.244 US $/ano, por habitante)


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Crioulo cabo-verdiano

Dialectos próprios que variam de região para região, sendo dominantes os de Sotavento (badiu, kriolu) e o do Barlavento (kriol), que equivalem a 65% e a 35% da população, respectivamente. A língua oficial é o Português.

Dicionário Cabo-verdiano



Almícar Cabral


Museu Etnográfico.



Cesária Évora a "diva dos pés descalços" canta CaboVerde


Batuque


Frigenote, modge e cachupa, exemplos da rica gastronomia cabo-cerdiana


Cabo Verde em linha

Video

Imagens de Cabo Verde

 

Viagem Virtual a
 
e
Vitália Rodriques


Supervisão de Luís Aguilar,

Docente do Instituto Camões e professor convidado da Universidade de Montreal


Fabrica o seu próprio chão, inventa a sua própria água,
repete dia-a-dia a criação do mundo.

José Saramago

 
Ilhas perdidas
no meio do mar esquecidas
num canto do Mundo...
que as ondas embalam,
maltratam, abraçam...

Jorge Barbosa

Nesta viagem virtual, convidamo-lo(a) a visitar a República de Cabo Verde, um dos oito países que integram a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Cabo Verde é um arquipélago, constituído por dez ilhas espalhadas pelo Oceano Atlântico, situadas a mais de quinhentos quilómetros do cabo que lhe deu o nome, no Senegal, tendo como vizinhos a Mauritânia, a Gâmbia e a Guiné-Bissau, todos na faixa costeira ocidental deÁfrica, estendendo-se do Cabo Branco às ilhas Bijagós. As 10 ilhas, das quais 9 habitadas e vários ilhéus inhabitados, repartem-se por dois grupos: a Norte as ilhas de Barlavento: Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia (inhabitada), São Nicolau, Sal e Boa Vista, e ainda os ilhéus desabitados ( Branco e Razo, situados entre Santa Luzia e São Nicolau, Pássaros, em frente à cidade de Mindelo, na ilha de São Vicente, Rabo de Junco, na costa da ilha do Sal, Sal Rei e Baluarte, na costa da ilha de Boa Vista. Ao grupo Sotavento, a Sul pertencem as ilhas de Maio, Santiago, Fogo e Brava e ainda o ilhéu de Santa Maria, em frente à cidade da Praia, a capital, na Ilha de Santiago, os ilhéus Grande, Rombo, Baixo, de Cima, do Rei, Luiz Carneiro, Sapado, situados a cerca de 8 km da ilha Brava e o ilhéu da Areia, junto à costa dessa mesma ilha.

O Clima é tropical seco, com a média de temperatura anual a rondar os 25º graus, com duas estações, a das chuvas, de Agosto a Outubro e a estação seca, de Dezembro a Junho. A chuva é irregular e não são raros os anos de seca. Dado situar-se na zona sudano-saheliana, o arquipélago de Cabo Verde é muito afectado pelos ventos que sopram do grande deserto continental. A ‘bruma’, poeira atmosférica trazida pelo vento, é inesperada e de duração variável.

Sabe-se que anteriormente à descoberta oficial pelos portugueses já por ali tinham andado, atraídos pela extracção do Sal, os africanos da orla costeira e geógrafos e cartógrafos árabes, que haviam assinalado em diversos mapas, realizados décadas antes duas das ilhas do arquipélago.

As ilhas de Cabo Verde foram descobertas, cinco delas, em 1460, por Diogo Gomes e Antonio Noli, enquanto as restantes teriam sido achadas por Diogo Afonso em 1462. Quando as ilhas foram descobertas estavam virgens e inhabitadas. Santiago e Fogo foram as ilhas mais propícias ao povoamento, que teve o seu início logo em 1462, desenvolvido pelo sistema de capitanias hereditárias.

Desde logo se iniciou o transporte de escravos da costa de África para as plantações de algodão, árvores de fruto e cana-de-açúcar na ilha de Santiago, onde foi fundada a cidade de Ribeira Grande, que viria a tornar-se num importante local de comércio de escravos, comércio rentável, que tristemente se prolongou por mais de três séculos. Com o objectivo de fazer do arquipélago uma base de apoio para a navegação, de forma a permitir continuar a exploração para o Sul e o comércio ao longo da costa, a capital foi transferida, depois para a cidade da Praia.

As ilhas de Cabo Verde cedo se tornaram escala obrigatória de muitos navegadores célebres: Vasco de Gama em 1497, Cristóvão Colombo em 1498, e a nau "Vitoria" que na viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães dobrou, já sem ele, o Cabo da Boa Esperança¸em 1522. Pela sua posição privilegiada, a meio caminho entre os três continentes e em frente da denominada Costa dos Escravos, Santiago viria a tornar-se uma placa giratória da navegação transatlântica: ponto de escala e de aprovisionamento dos navios, ponte de penetração portuguesa no continente, entreposto de escravos posteriormente exportados para a Europa - particularmente para Portugal e Espanha - e para as Américas.

A situação económica do arquipélago degrada-se contudo durante a dominação filipina de Portugal (1580-1640), devido aos ataques dos Ingleses, Holandeses e Franceses, que se prolongaram até ao princípio do século XVIII. Na segunda metade do século XVII, termina a época dos arrendatários individuais no comércio de escravos. Contudo, apesar dos acordos entre Portugal e a Inglaterra para a proibição do tráfico de escravos em Bissau e Cacheu (1810), e depois da sua interdição a Norte do Equador (1815), o comércio na região continua clandestinamente e até se incrementa. Só no fim do século XIX dá-se efectivamente por terminado o comércio de escravos, provocando uma profunda crise nas ilhas, que só na emigração encontra uma saída. Em finais do século XIX, dezenas de milhar de cabo-verdianos começaram a ser compelidos para o trabalho forçado nas plantações de São Tomé e Príncipe, para onde foram enviados 23 978 cabo-verdianos.

Nas primeiras décadas do século XX, sem que nada o fizesse esperar, Cabo Verde, conhece um importante e inusitado desenvolvimento cultural e educativo, em flagrante contraste com a sua pobreza económica. É, talvez, a partir daí que as ideias de autonomia e de independência nacional começaram a germinar ganhando fôlego nos anos 40, com a geração de Amilcar Cabral que viria a criar em 1956, em Bissau, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (P.A.I.G.C.). A luta pela independência desencadeia-se em 1964 na Guiné, conduzida por Amilcar Cabral que pretendia construir uma pátria comum com Cabo-Verde. O derrube da ditadura em Portugal, a 25 de Abril de 1974 (Revolução dos Cravos), condiziu, enfim à independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. No dia 26 de Agosto de 1974, em Londres e depois em Argel, o governo português reconhece o Estado da Guiné-Bissau, assim como o direito de Cabo Verde à Independência. O PAIGC é também reconhecido como o único e legítimo representante dos povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Celebremos o momento ouvindo o actual Cântico da Liberdade (Hino Nacional).

Cabo Verde, nascido na sequência da revolução dos cravos em Portugal iria fazer um longo percurso até se tornar no país democrático que hoje é. Governado inicialmente por um sistema de partido único, de inspiração marxista, como de resto se passou com todas as outras ex-colónias portuguesas, viria a separar-se da Guiné-Bissau em 1980, na sequência de um golpe de estado. O PAIGC dá, então lugar ao PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde), restringindo a sua acção a Cabo Verde, com base numa política de não alinhamento com quaisquer dos blocos políticos de então.

Algumas políticas pouco adequadas agravaram, contudo, nos anos oitenta, os problemas do país. Em 1991, foi finalmente estabelecido um regime democrático; em Janeiro desse ano, nas primeiras eleições livres do país, Aristídes Pereira foi afastado da presidência e o PAICV saiu claramente derrotado nas eleições para a Assembleia Nacional. O novo presidente, António Mascarenhas Monteiro, antigo juiz do Supremo Tribunal, dirigia o principal partido da Oposição, o MPD (Movimento para a Democracia).

Apesar das enormes dificuldades que se fazem sentir no arquipélago, Cabo Verde apresenta hoje um panorama económico e social bastante promissor, com um nível de desenvolvimento humano (IDH) bastante superior ao dos seus antigos aliados, a Guiné-Bissau, respectivamente, 0.721 e 0.348. As autoridades cabo-verdianas optaram por uma economia de mercado.

Os recursos económicos de Cabo Verde dependem sobretudo da agricultura e dos recursos marinhos. A agricultura sofre frequentemente, os efeitos das secas. As culturas mais importantes são o café, a banana, a cana-de-açúcar, os frutos tropicais, o milho, o feijão, a batata doce e a mandioca. O sector industrial encontra-se em pleno desenvolvimento, nomeadamente a fabricação de aguardente, vestuário e calçado, tintas e vernizes, o turismo, a pesca e as conservas de pesca e extracção de sal, não descurando, o artesanato. A banana, as conservas de peixe, o peixe congelado, as lagostas, o sal e as confecções são os principais produtos exportados.

Muitos são os que defendem que Cabo-Verde tinha as mesmas ou mais razões que a Madeira e os Açores para serem uma região autónoma de Portugal. Ou, se se preferir, a Madeira, por exemplo, tem muito menos razões para continuar a ser uma região autónoma, já que, no entender de muitos se comporta como país que sistematicamente reivindica a independência, que insulta de forma inusitada, arrogante e permanente Portugal, ao ponto de já alguém ter chamado ao presidente madeirense o "Boukasa" do arquipélago. Facto curioso é que tanto a Madeira como os Açores reivindicaram a independência a seguir à revolução dos cravos, tal como Cabo verde, aproveitando a maré.

A literatura cabo-verdiana é uma das mais ricas da África lusófona, contando com alguns autores de peso na cena internacional:Se Kaoberdiano Dambara (Felisberto Vieira Lopes), escreve em crioulo, já outros como Onésimo Silveira, utiliza a língua portuguesa como expressão. O movimiento literario Claridade. destacam-se Baltasar Lopes da Silva  ( Osvaldo Alcântara) , Manuel Lopes, Jaime Figueiredo, João Lopes e muitos outros. : Jorge Barbosa, Felix Monteiro, Antonio França, Germano Almeida e Corsino Fortes são alguns nomes a reter.  

Quanto às restantes artes cabo-verdianas dominam, pintura, representada fundamentalmente por Kiki Lima e Danny Spínola; a fotografia de Tomé Cardoso e Ronald Barbosa e o artesanato. A  cerâmica, cestaria em caniço, a tecelagem em algodão e a tapeçaria são áreas expressivas privilegiadas pelos artesãos locais. Também o barro vermelho, retratando o homem-tipo cabo-verdiano, merece menção especial.

Da música cabo-verdiana, significativamente inspirada na música portuguesa mas bem enraizada nas características musicais africanas, destacamos a morna que reflecte a realidade insular do povo de Cabo Verde, o romantismo intoxicante dos seus trovadores e o amor à terra (ter de partir e querer ficar), tão bem representada por Cesária Évora. Como outros géneros genuinamente cabo-verdianos pode-se mencionar o batuque, o colá, a coladeira, o funaná, a tabanca. Também se destacam Bau, Teofilo Chantre,Tito Paris, Gabriela Mendes,  Boy Gé Mendes, Calu Bana, Paulino Vieira, Celina Pereira, Dialunga, Maria-Alice, Luis Morais, Simentera o Tam tam 2000 Djalunga, Albertino, Ferro Gaita e também numerosos grupos como Cabo Squad, Kompass eTchala. Nos Estados Unidos da América, desde cedo a comunidade cabo-verdiana se destacou  pela qualidade dos seus músicos: na época de ouro dos Big Band (1930-1940), orquestras cabo-verdianas dirigidas por Isadore Duke Oliveira ou Joseph Senna desenvolveram, com grande sucesso, o estilo crioulo em New-Bedford.

Tal como a música, a cozinha de Cabo Verde è uma cozinha bastante influenciada pela tradição culinária portuguesa: lagostas, perceves, lapa búzio, “bafas”, atum fresco etc... A base da cozinha popular é o molho, preparado de diferentes maneiras, acompanha a carne de porco, o feijão, a mandioca, e a batata doce. O prato tradicional é a Cachupa pobre e rica.

 

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