Crónica de Viagem

UMA BICA EBORENSE
COM SABOR A HISTÓRIA


Par
Adriana Parra

Graças à bolsa que me foi atribuída pelo Instituto Camões, tive a oportunidade de frequen-tar o Curso de Português para Estrangeiros neste Verão 2000.

Apaixonada pela História, escolhi a Universidade de Évora para local de estudo.

A possibilidade de perma-necer durante um mês na cidade de Évora foi para mim uma ocasião óptima para viver o dia-a-dia de uma cidade medieval. Digo isto porque o turista que fica dois ou três dias em Évora, visitará o Templo de Diana, a Sé, a Capela dos Ossos, os museus, algumas igrejas muito interessantes do ponto de vista arquitectónico e histórico. Mas é muito difícil que em tão pouco tempo tenha a oportunidade de viver ao ritmo dos eborenses. Caprichos da língua portuguesa que chama Évora à cidade, mas eborenses aos seus habitantes.

Há que habitar a cidade para lhe conhecer a história e os monumentos, para acordar cedo de manhã com o som dos sinos das igrejas, ir tomar uma meia de leite com bolinhos, enquanto se escutam as discus-sões filosóficas ou desportivas dos fregueses - eu sei que não é correcto ouvir as conversas dos outros mas, às vezes, é tão agradável e instrutivo...- assistir às aulas de português nos Claustros do Convento da Universidade do Espírito Santo, ouvir música nos espectáculos nocturnos da Praça do Giraldo, sentar-se nas escadas da Fonte da Porta ou Moura, enquanto nos deixamos invadir pela frescura da água que cai.

Há que habitar a cidade para passear nas ruas medievais e olhar para as casas senhoriais, os largos, as praças, e nelas descobrir os vestígios da romanização e da ocupação árabe e pensar que o título de Património da Humanidade que lhe foi conferido pela UNESCO é altamente mere-cido pois, em Évora, o encontro com a História é permanente.